Os alunos "chumbados" nos exames do 4º ano de Português e Matemática terão esta semana uma Nova Oportunidade depois de um
período suplementar de "explicações". O número de alunos que precisou de recorrer
a esta época especial é superior a 11%.
Para não falar da crise e da sua degradante
coreografia política, umas notas, velhas, sobre a questão dos exames finais,
sobretudo no 1º ciclo e a propósito dos miúdos que estão em risco de não
transitar para o 5º ano.
Muitos estudos, nacionais e internacionais, mostram que os
alunos que começam a chumbar, tendem a continuar a chumbar, ou seja, a simples
repetição do ano, não é para muitos alunos, suficiente para os devolver ao
sucesso. Os franceses utilizam a fórmula “qui redouble, redoublera” quando
referem esta questão.
Nesta conformidade e do meu ponto de vista, a
questão central não é o chumba, não chumba e quais os critérios mas sim que
tipo de apoio, que medidas e recursos devem estar disponíveis para alunos,
professores e famílias de forma a evitar a última e genericamente ineficaz
medida do chumbo. É necessário diversificar percursos de formação com
diferentes cargas académicas e finalizando sempre com formação profissional.
Como é evidente este tipo de discurso não tem rigorosamente a ver com
"facilitismo" e, muito menos, com melhoria "administrativa"
das estatísticas da educação uma tentação a que nem sempre se resiste.
Neste cenário a insistência na introdução de mais
exames como panaceia da qualidade corre, do meu ponto de vista, o risco do
trabalho escolar se organizar centrado na preparação dos alunos para a
multiplicidade de exames que realizam, ou seja, como me dizia há tempos um
professor do ensino secundário, "o trabalho com os alunos é muito
interessante mas a partir de certa altura sou eu e eles contra os exames".
Esta perspectiva, mais exames como fonte de
qualidade, parece decorrer da estranha convicção de que se medir muitas vezes a
febre, esta irá baixar o que é, no mínimo, ingénuo.
A qualidade promove-se, é certo e deve
sublinhar-se, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens,
naturalmente, mas também com a avaliação do trabalho dos professores, com a
definição de currículos adequados, com a estruturação de dispositivos de apoio
a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de políticas
educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e modelos
adequados de organização e funcionamento das escolas, com a definição de
objectivos de curto e médio prazo, etc. O problema é que de há muitos anos a
educação anda à deriva das agendas políticas.
A defesa de mais exames, como muitas vezes é
feita corre o risco de sustentar um discurso demagógico, as referências a
exigência e a rigor vendem bem, que deixa de lado os aspectos mais essenciais.
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