O PS anunciou que votará favoravelmente a moção
de censura que os Verdes apresentarão no Parlamento e que claramente vem dar uma ajuda ... ao Governo. Não parece estranho para
quem tem exigido eleições antecipadas e já apresentou a sua própria moção de
censura ao Governo que considera incompetente, falhado nos objectivos e nas
políticas e esgotado na capacidade de minimizar os problemas do País.
Acontece que, por outro lado, o PS envolve-se nas
negociações conducentes ... à continuidade do Governo. Estranho, não, Carlos
Zorrinho explicou que não apoiam o Governo e por isso o censuram, mas estão a
negociar com os partidos, PSD e CDS-PP e não com o Governo. Claro, como é não
me ocorreu logo, PSD e CDS-PP são algo de diferente de um Governo PSD /CDS-PP
como é evidente.
Estas negociações impostas por uma bizarra decisão do Presidente Cavaco Silva e condenadas ao fracasso ou a serem coisa nenhuma, levam a episódios deste tipo e tudo isto seria algo de alucinado mas no fundo, é
apenas mais um bom exemplo dos fios de que se tece a trama da partidocracia em
Portugal.
Creio que qualquer de nós consegue perceber que
uma classe política, que salvo honrosas excepções é medíocre, vive e mantém-se
com base num complexo jogo de interesses e equilíbrios na gestão e distribuição
dos poderes, desde logo nos aparelhos partidários, a incubadora ideológica e
ética desta gente, e, naturalmente, no aparelho político do país que assim
está capturado pela partidocracia. Esta mediocridade é que parece irrevogável.
O que esta gente parece incapaz de
compreender é o efeito devastador que o seu comportamento e os seus discursos
têm numa população massacrada a viver num mar de dificuldades, a viver um
momento de desesperança.
É inquietante a falta de lucidez e
insensibilidade para perceber os prejuízos causados por estes jogos, cujos
participantes continuam absolutamente indiferentes usando uma retórica que, boa
parte das vezes, é um insulto à inteligência e à ética.
O drama é que, de quem é parte do problema não
podemos esperar que seja parte da solução.
Com muita frequência ouvimos dizer que temos o
que merecemos. Não concordo, não merecíamos tal sorte.
O problema é que as alternativas não são
animadoras.
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