Mais uma tragédia que vitimou uma criança. Desta
vez, em Viseu, três crianças brincavam em casa da família com uma arma de fogo
que não se sabe em que circunstâncias foi disparada acabando por provocar uma
tragédia fatal.
Sabe-se, no entanto, que continuamos a ser um dos países europeus em que acontecem
maior número de acidentes domésticos com crianças. Nas mais das vezes
verifica-se alguma negligência ou excesso de confiança da nossa parte, adultos,
na vigilância dos miúdos a que se junta a inexperiência e o à vontade próprios
dos mais pequenos.
A dor e a culpa que alguém pode carregar depois
de episódios desta natureza serão, creio, suficientemente fortes para que
deixemos de lado o aspecto da culpabilização que aqui nada acrescenta.
O que me parece importante sublinhar é que num
tempo em que os discursos e as práticas sobre a protecção da criança estão
sempre presentes, também se verifica um número altíssimo de acidentes, por
vezes mortais, o que parece paradoxal. Por um lado, protegemos as crianças de
forma e em circunstâncias que, do meu ponto de vista, me parecem excessivas e,
por outro lado, em muitas situações adoptamos atitudes e comportamentos
altamente negligentes e facilitadores de acidentes que, frequentemente, têm
consequências trágicas.
E não adianta pensar que só acontece aos outros.
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