A imprensa divulga hoje um estudo da University
College of London mostrando o impacto negativo que a ausência de rotinas como
deitar à mesma hora podem ter no bem-estar e saúde das crianças afectando, por
exemplo, o processamento da aprendizagem.
A relação entre os estilos de vida e as rotinas,
higiene e qualidade do sono dos mais novos são conhecidas e estudadas, mas
importa sempre sublinhar a sua importância.
Um estudo recente realizado nos EUA acompanhando
durante seis anos 11 000 crianças encontrou fortes indícios de relação entre
perturbações do sono e o desenvolvimento de problemas de natureza diferenciada
no comportamento e funcionamento das crianças.
Esta questão, os padrões e hábitos de sono das
crianças, é algo de importante que nem sempre parece devidamente considerada.
Também entre nós, vários estudos sobre os hábitos e padrões de sono em crianças
e adolescentes têm sido desenvolvidos, designadamente pela Professora Teresa
Paiva. Citando alguns desses estudos é de referir que mais de metade dos
adolescentes inquiridos apresenta quadros de sonolência excessiva e evidenciam
hábitos de sono pouco saudáveis. Esta constatação vai no mesmo sentido de
outros trabalhos com crianças mais novas. A falta de qualidade do sono e do
tempo necessário acaba, naturalmente, por comprometer a qualidade de vida das
crianças e adolescentes. Todos nos cruzamos frequentemente nos Centros
Comerciais, por exemplo, com crianças, mais pequenas ou maiores, a horas a que deveriam estar na
cama e que, penosa mas excitadamente, deambulam atreladas aos pais.
Várias investigações sugerem que parte das
alterações verificadas nos padrões e hábito relativos ao sono remetem para
questões ligadas a stress familiar e sublinham o aumento das queixas relativas
a sonolência e alterações comportamentais durante o dia.
É certo que as situações de stress familiar serão
importantes mas parece-me necessário não esquecer alguns aspectos relacionados
com os estilos de vida, quer com as rotinas, quer coma utilização regulada das
novas tecnologias. Durante o dia, as crianças e adolescentes passam boa parte
do seu tempo saltitando de actividade para actividade, passam tempos infindos
na escola e, muitos deles, são pressionados para resultados de excelência.
Segundo alguns estudos, perto de 50% das crianças até aos 15 anos terão
computador ou televisor no quarto, além do telemóvel.
Acontece que durante o período de sono e sem
regulação familiar muitas crianças e adolescentes estarão diante de um ecrã,
pc, tv ou telemóvel. Com é óbvio, este comportamento não pode deixar de
implicar consequências nos comportamentos durante o dia, sonolência e
distracção, ansiedade e, naturalmente, o risco de falta de rendimento escolar
num quadro geral de pior qualidade de vida.
Creio que, com alguma frequência, os
comportamentos dos miúdos, sobretudo nos mais novos, que são de uma forma
aligeirada remetidos para o saco sem fundo da hiperactividade e problemas de
atenção, estarão associados aos seus hábitos e padrões de sono como, aliás, os
estudos parecem sugerir.
Estas matérias, a presença das novas tecnologias
na vida dos mais novos, são problemas novos para muitos pais, eles próprios com
níveis baixos de alfabetização informática. Considerando as implicações sérias
na vida diária importa que se reflicta sobre a atenção e ajuda destinada aos
pais para que a utilização imprescindível e útil seja regulada e protectora da
qualidade de vida das crianças e adolescentes.
A experiência mostra-me que muitos pais desejam e
mostram necessidade de alguma ajuda ou orientação nestas matérias.
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