O Presidente Cavaco Silva pede consenso alargado e medidas urgentes para
relançar a economia no discurso realizado na sessão parlamentar dedicada ao 25 de Abril, também marcada
por uma decisão manhosa de inviabilizar a presença de cidadãos adultos nas
galerias. Reforçou ainda a necessidade de não protestar e criticar pois não
resolve nada, apenas o consenso político o permitirá.
Esta retórica do consenso, do “temos que ser amiguinhos”, do
não adianta protestar ou criticar, do temos que nos entender e aceitar, é,
obviamente, inútil.
O Presidente da República sabe muito bem, é parte
integrante, que o sistema e cultura política instalados produziram uma
partidocracia cujos interesses conflituam com o bem comum o que, evidentemente,
constitui um enorme obstáculo ao consenso, seja lá isso o que for.
O Presidente da República não pode deixar de saber que
milhões de portugueses pobres, sem emprego, sem futuro, não acreditam num
mirífico consenso entre os que os fortemente contribuíram para o inferno que
lhes, nos, caiu em cima.
O Presidente da República sabe ainda que as suas sucessivas
referências aos limites da austeridade e à incapacidade das pessoas para mais
sacrifícios foram, naturalmente, inúteis e prosseguidas por aqueles a quem ele
apela ao consenso. Só por ingenuidade, condição que, evidentemente, Cavaco
Silva não possui.
O Presidente da República não pode esperar, mesmo que
profundamente o deseje, que gente a quem até a dignidade foi roubada se
resigne, se cale, não proteste, e espere calmamente, serenamente, que se
estabeleça o consenso que os salve do inferno. Nem sequer é justo.
3 comentários:
Não é justo... mesmo.
Este discurso desse senhor obscureceu um dia 25 de A. que era de sol...
Foi do conformismo menos consensual que existe.
Quem alimentava expectativas que o discurso do sr. Anibal fosse diferente, é de uma ingenuidade comovente ou anda distraido desde 1985.
O sr. Cavaco, deu, dá e dará (quando acumular todas as reformas e mordomias) existência ao problema que o povo tem que resolver(pagar).
Politicamente falando o sr. presidente da República é o expoente da desavergonhice.
Mas há muitos mais...
VIVA!
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