A propósito do final da 1ª fase de candidatura ao
ensino superior alguma imprensa refere uma matéria que em todas épocas de exame
me causa alguma perplexidade até pela forma discreta como é acolhida. Segundo dados do MEC, referidos no Público, 65 % dos
pedidos de reapreciação de exame levaram a subida, 18.7 % mantiveram a classificação e em
13 % dos pedidos a classificação desceu. Em síntese, apenas um cada cinco dos
exames objecto de recurso parece classificado adequadamente. Como dado mais extremo e, portanto,
mais estranho, a prova de Matemática A teve uma percentagem de subida da
classificação, após reapreciação, de 76.3%, quando a avaliação em provas de
Matemática é habitualmente considerada com passível de maior objectividade e
rigor.
Esta situação, recorrente nos últimos anos,
causa-me, alguma estranheza e dificuldade de entendimento além de que, creio, mina
de forma severa a credibilidade e confiança no sistema de avaliação.
Sabe-se que a avaliação escolar contém uma
incontornável dimensão de subjectividade e complexidade, por isso, é necessário
um trabalho muito consistente ao nível da qualidade dos exames, da solidez,
clareza e coerência dos critérios de avaliação e, naturalmente, da competência
dos avaliadores. Estes aspectos foram, aliás, objecto de muitas referências na
imprensa durante a época de exames.
Como explicar tal número de recursos acolhidos, na maioria subindo a classificação?
Como confiar na avaliação se muitos professores aconselham os alunos a recorrer
pois a probabilidade de verem a nota alterada é grande?
É fundamental que se reflicta sobre esta situação
e que os exames e a sua classificação mereçam a confiança de alunos e famílias.
5 comentários:
É verdade que a maioria dos pedidos de reapreciação aumentam a classificação. É verdade que muitos não melhoram as suas classificações porque não pedem para reapreciarem os seus exames mal classificados. Analisei vários exames e elaborei alguns pedidos de reapreciação de exames, até agora, a média de subida dos pedidos que elaborei situa-se em 8 pontos, ou seja, 0,8 valores, quase um valor. Em muitos casos a diferença chega aos 23 pontos e podem decidir a vida de um aluno, por isso, estou a pensar criar um gabinete para apoiar esses pedidos, em troca de uma quantia simbólica, digamos 150 a 250 euros.
Agora a questão é: após a criação da bolsa de classificadores, ou seja, são sempre os mesmos, após a formação anual a que são sujeitos, qual é a razão de tantos erros?
A resposta é simples: os professores dessa bolsa têm que classificar exames quando os outros já estão de férias nas praias, têm que classificar 50 a 60 exames em apenas 6 dias úteis e, além disso, o mais penalizador, não são pagos por esse trabalho mas têm despesas com ele, por exemplo, pagam as canetas vermelhas, o lápis, a borracha, a afiadeira, as chamadas telefónicas para outros classificadores e para os supervisores, têm que ter internet em casa porque tudo é feito via e_mail e, absurdo dos absurdos, têm de pagar 50 cêntimos pelo impresso da Casa da Moeda que têm de preencher para receberem, 2 meses depois, o dinheiro da gasolina que pagaram para poderem levantar e entregar os exames. Trabalho este que não pode ser recusado sob pena de procedimento disciplinar. Também sob pena de procedimento disciplinar, caso haja um erro superior a 25 pontos, sem direito a contraditório. Então há imensos enganos entre 10 e 20 pontos.
Muito mais haveria a dizer mas, para concluir, como quer este país (bananal) um trabalho de qualidade ao nível da classificação dos exames? É óbvio que a maioria o faz a despachar.
Como refere, existem razões que contribuem para o quadro habitual. A questão é, por um lado, a persistência do elevadíssimo nº de alterações da classificação e, por outro lado, a incompetência da PEC - Política Educativa em Curso em gerir uma situação que retira credibilidade e confiança.
Exmos
1º recordo que o estado recebe agora, 25 euros...
2º é claro a falta de "profissionalismo" de alguns docentes com o serviço de correcção de exames, infelizmente são raras as vezes em que existe penalização... só quando isso acontecer é que pode melhor.
3º recordo que o tempo de correção é muito escasso por vezes e demasiadas provas.
Assistente Técnico
www.assistente-tecnico.blogspot.com
Serão os professores classificadores uns incompetentes que não sabem interpretar critérios de classificação ou que existem apenas para prejudicar os alunos???!!!
Este grupo de profesore teve o "privilégio" de ser obrigado a pertencer a uma bolsa por um período quatro anos letivos, independentemente de continuar ou não a lecionar no ensino secundário durante esse período.
Sujeitos a uma formação deveras útil e pertinente sobre a a avaliação e as suas modalidades, fazendo dissertações sobre as mesmas. Obviamente a avaliação externa caí fora deste âmbito... Vá-se lá entender o critério do GAVE!!!!
Ainda assim, os professores da Bolsa, os desgraçados que Vêem as suas férias marcadas ao sabor do calendário de exames, sem liberdade de escolha, e que, para além desta tarefa, ainda têm de cumprir as outras tarefas da escola, ainda assim, fazem-na com todo o profissionalismo e todo o rigor que lhes é possível, tendo em conta o número de provas atribuídas e o reduzido tempo para a sua classificação. Os critérios e subcrtitérios(denominados esclarecimentos emanados do GAVE) vão chegando às pinguinhas, muitas vezes até às vésperas da entrega dos exames nos respetivos agrupamentos. Uma clara falta de respeito por quem cumpre esta tarefa com profissionalismo e dedicação, gratuitamente e numa altura em que o cansaço acumulado durante um ano letivo ainda se vê a braços com uma tarefa acrescida. Não somos incompetentes!!!! Somos professores capazes, com muita experiência e dedicação. Não admito que o meu trabalho seja posto em causa por quem não sabe como decorre o processo... No mesmo agrupamento de exames não somos acompanhados pelo mesmo formador/supervisor... as dúvidas serão esclarecidas da mesma maneira??? O professor que reaprecia a prova é o que tem razão?
A solução talvez seja a realização de questões de escolha múltipla ou resposta curta, acaba a subjetividade e a crítica de quem está de fora ...
Na verdade, a situação é complexa daí o entender que vale a pena analisar e tentar perceber o processo
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