Um estudo hoje divulgado no
Público constitui um bom retrato de uma das mais marcantes características do
nosso sistema de justiça, a morosidade. Ao que foi apurado numa investigação, os
tribunais portugueses levam cerca de oito anos, em média, a decidir casos de "erros médicos",
sendo que estes podem assumir diferentes contornos.
Esta morosidade, que não se
estranha, é fruto da teia infindável de esquemas e manhas processuais que
dilatam no tempo até ao inaceitável, quando não à prescrição, muitos dos
processos, desta natureza e de outras, colocados à justiça. Chamar-lhe justiça é, evidentemente, uma questão
de hábito.
Se pensarmos que os casos de
"erros médicos" colocados aos tribunais podem conter alguma forma de
dano ou consequência para o queixoso(a), percebe-se como este atraso fará parte
das consequências e não uma forma de conseguir a reparação de eventual erro de
um clínico.
Este cenário recorda-me uma
história de humor negro que não resisto a partilhar. Com a vossa licença.
Um calceteiro, especialista na lindíssima calçada
portuguesa, trabalhava numa avenida quando reparou em alguém que junto a si
seguia há algum tempo o seu trabalho com toda a atenção. Não resistiu e meteu
conversa.
O senhor está a ver o meu trabalho há muito tempo, também é desta arte?
Não senhor. Acho interessante o seu trabalho mas a minha profissão é
médico.
Engraçado, a sua profissão é muito parecida com a minha.
Está a brincar, como assim, como é que são parecidas?
É verdade. Nas duas profissões quando há enganos, disfarçam-se com a
terra.
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