O Público tem vindo a apresentar nos últimos dias
um trabalho muito interessante sobre o universo da parentalidade em Portugal. As últimas
peças abordam um universo a que sou particularmente sensível, a
parentalidade com "crianças diferentes", centra-se na experiência de
duas famílias, uma que tem uma criança com trissomia 21, o Diogo e aoutra família na qual vive o Walfredo com uma paralisia cerebral profunda..
Em síntese, vale a pena ler os trabalhos, como diz
a mãe Elisabete, a do Diogo, "mais do que os outros, os meninos com trissomia 21
precisam de pais que perguntem, que reclamem, que se informem, que exijam. que
lutem por condições para que eles desenvolvam as suas capacidades", ou seja,
a vida é uma prova de resistência, diz, ou como eu costumo afirmar, a vida das
famílias e das pessoas com deficiência é uma contínua prova de obstáculos, sem
fim e, por vezes, inultrapassáveis, sobretudo ao nível das atitudes e das
políticas em vários aspectos da vida diária.
Recordo-me de uma notícia de há algum tempo em que se relatava que uma "Escola sem elevador obriga mãe a carregar filho às costas".
A mãe Helena, do Walfredo, sublinha, para além das dificuldades, a importânvia da família e do seu apoio.
Recordo-me de uma notícia de há algum tempo em que se relatava que uma "Escola sem elevador obriga mãe a carregar filho às costas".
A mãe Helena, do Walfredo, sublinha, para além das dificuldades, a importânvia da família e do seu apoio.
As crianças com necessidades especiais, as suas
famílias e muitos dos professores e técnicos sabem, sobretudo sentem, um
conjunto enorme de dificuldades para, no fundo, garantir não mais do que algo
básico e garantido constitucionalmente, o direito à educação, à vida familiar e
tanto, quanto possível, com padrões de vida próximos do que
passa com toda gente, postulado com décadas de enunciado mas de concretização
difícil e, às vezes, adiada. É assim que as comunidades estão organizadas, pelo
que não representa nada de extraordinário e muito menos um privilégio.
Como é evidente, em situações de dificuldade
económica, as minorias, são sempre mais vulneráveis, falta-lhes voz.
Como sempre afirmo, os níveis de desenvolvimento
das comunidades também se aferem pela forma como cuidam das minorias.
Lamentavelmente, estamos num tempo que em que desenvolvimento se confunde com
mercados bem sucedidos.
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