quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A MINHA ESTRADA

Hoje, dia 15, acrescentei um marco à estrada que tenho vindo a percorrer. Já vão muitos mas estou, confio, ainda longe de os plantar todos.
Tem sido uma estrada, quase sempre, boa de fazer, felizmente. Umas vezes mais sinuosa e com umas subidas empinadas que puxam pelas pernas, outras vezes mais planas e com andamento tranquilo e até apareceram pedaços de chão pela frente em que foi preciso correr. Encontrei muita coisa pelo caminho, coisas mais bonitas e coisas menos bonitas. Também vi algumas coisas feias, mesmo muito feias. Nestes últimos dias de chumbo vai-se vendo muita coisa feia.
A estrada tem-me levado a muitas paragens, algumas nem sequer sonhadas nos tempos em que ainda me estava a fazer ao caminho. Nessa altura nem os sonhos passavam por tão longe.
Em algumas situações, os tropeços do andar doeram, não se esquecem mas aquietam-se, de mansinho. Às vezes, só às vezes, o tempo ajuda. Também muita coisa aconteceu que me deixa satisfeito por a estrada ter passado por ali, por aqui, foi, é, bom. Tudo isto faz com que carregue uma mochila cheia, ainda maior que a dos miúdos pequenos quando vão para a escola. Vai cheia de memórias, das boas, das que a tornam leve e nos fazem parar de vez em quando, a uma sombra no verão, ao pé do calor no inverno, para as revisitar e também das outras, das más, das que a tornam mais pesada e das quais nos queremos libertar. Não conseguimos. Quase nunca.
Cruzei-me com muita gente que me ajudou, e ajuda, a andar o caminho, nunca só, ainda bem. É imperativa uma referência à Mulher que caminha comigo há quase quarenta anos e a um Filho que se fez Gente, da Grande. É verdade que também vi gente má, gente que não gosta de gente, pois se gostasse não trataria a outra gente assim.
E, como diria o velho Ti Matosa, uns bocados a pé, outros a andar, vou continuar a cumprir a estrada, com a atenta inquietude que aqui me trouxe e comigo certamente caminhará. Espero.

4 comentários:

Anabela disse...

Que continue a colocar muitos mais marcos na sua estrada, professor!

Anabela

Zé Morgado disse...

Obrigado

Anónimo disse...

Parece impossível, um homem de esquerda como o professor, nascer num dia santo. Afinal está abençoado. Parabens!

Abraço
António Caroço

Zé Morgado disse...

Era por ser feriado, santo foi um bónus