Os dias dos Jogos Olímpicos e a
conhecida expressão tradutora do ideal olímpico, (seja lá isso o que for), "Citius,
altius, fortius", "mais rápido, mais alto (mais longe), mais
forte" fizeram-me pensar que os dias de muitos dos mais novos podem virar
um olímpico pesadelo. A ver se explico.
Nos tempos actuais em muitas
famílias e também em instituições educativas os miúdos são submetidos a enorme
pressão e em diferentes sentidos.
Têm que aprender o mais possível
e o mais rapidamente que conseguirem, até a crescer têm de ser rápidos,
espera-se que cresçam depressa. Toda a gente, os miúdos, eles próprios, também querem
tudo rápido, o mais rápido que se possa. O tempo é dinheiro e quem chega
primeiro está em vantagem, tem que ser o primeiro, em tudo, de preferência.
As pessoas insistem para que
cheguem longe, o mais longe possível. Aqui também é utilizada a variante mais
alto, os miúdos têm que chegar alto, sonhar alto, o mundo não é para pequenos e
perdedores é para quem quer e consegue ir mais longe e, ou, mais alto.
Finalmente, têm que ser fortes,
dos fracos não reza a história. Têm que aguentar horas de trabalho sem fim
preenchidas com montanhas de actividades em que deverão ser excelentes. Têm de
ser fortes para aguentar os tratos de que frequentemente são alvo, muitas vezes
em nome do seu próprio bem-estar, matéria por vezes ausente do espírito de quem
os carrega com tanto peso. Têm de ser fortes para aguentar um mundo que por
vezes não compreendem e que também nem sempre os compreende. Têm de ser fortes para
suportar um mal-estar que lhes rouba a saúde e o futuro.
Alguns não aguentam, não são os
super-atletas que se espera que sejam e desistem da alta competição em que a
sua vida se transformou. Com sorte aprendem que o importante é participar e
constroem um projecto de vida à sua medida, outros, menos felizmente, dedicam-se a outros jogos de resultados
imprevisíveis.
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