Creio que na imprensa generalista é a primeira vez que
encontro uma referência a uma situação que me parece importante, algumas vezes
me é colocada e na verdade pouco considerada. Refiro-me ao afastamento dos avós
que acontece a muitas crianças envolvidas em processos de divórcio dos pais e
que o Público hoje aborda.
De facto, com muita frequência, os avós deixam de manter
contacto com os netos, sofrem com isso, situação que nas mais das vezes, do meu
ponto de vista, não é suficientemente valorizada e merecedora de atenção.
Sabe-se que, sobretudo, em casos litigiosos os mecanismos da
guarda parental são decididos em tribunal e nem sempre cumpridos. Nesta
turbulência não é difícil que os avós sejam, por assim dizer, “esquecidos” e
deixem de ser uma presença na vida dos miúdos, apesar de também poderem usufruir de protecção legal para que o contacto seja assegurado.
Acontece que os avós são um bem de primeira necessidade na
vida dos miúdos, assim como os miúdos são um bem de primeira necessidade na vida
dos velhos, por razões óbvias e nem todas quantificáveis. Muitas vezes aqui
tenho defendido o direito aos avós.
É certo que, em algumas circunstâncias, a separação de um
casal com filhos pode produz alguma crispação e desconforto emocional que inibirão
a lucidez. No entanto, é também verdade que com frequência estes processos
correm com algum equilíbrio e os miúdos convivem com alguma serenidade com as
alterações.
Para que tudo fosse ainda mais positivo, seria desejável que
os contactos e relações entre avós e netos fossem, tanto quanto possível, protegidas,
não esquecidas.
Seria bom para todos, pais, filhos e netos.
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