Resguardado do calor aqui no meu Alentejo, embora hoje o
tempo até esteja brando, plantei-me com o ouvido no televisor em que passava o
Jornal da RTP1, aproveitando a generosidade da TDT que como diz o povo, por
aqui tem dias.
Numa peça sobre mais um aumento dos combustíveis surgem,
como é habitual em trabalhos de exterior, as entrevistas a “este senhor” ou a “esta
senhora” que, quase sempre, são um espectáculo algo deprimente, quer dos “estes
senhores” e das “estas senhoras”, quer dos repórteres de serviço. Às tantas, a
repórter repara que o “este senhor” que entrevistava e estava a abastecer a
viatura, deveria estar ligado a um talho e aproveita para perguntar se o “este
senhor” também notava a crise lá no talho. A repórter mostra aqui um profundo
sentido de oportunidade e faz uma espécie de dois em um, fala do aumento dos
combustíveis para os veículos e tenta ainda perceber o que se passa com os
combustíveis para as pessoas, genial.
O “este senhor” diz que as coisas lá pelo talho andam também
pelas ruas da amargura, as pessoas compram bastante menos e compram do mais
barato. Diz “este senhor” que as pessoas compram febras e quando as comem dizem
ao estômago que se trata de bife. O estômago, pelos vistos, deixa-se enganar e
sempre sai um bocado mais barato.
E assim vamos vivendo, enganando o estômago e enganando a
esperança. É a vida, pá.
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