segunda-feira, 13 de agosto de 2012

DÃO-LHE FEBRAS MAS DIZEM QUE É BIFE

Resguardado do calor aqui no meu Alentejo, embora hoje o tempo até esteja brando, plantei-me com o ouvido no televisor em que passava o Jornal da RTP1, aproveitando a generosidade da TDT que como diz o povo, por aqui tem dias.
Numa peça sobre mais um aumento dos combustíveis surgem, como é habitual em trabalhos de exterior, as entrevistas a “este senhor” ou a “esta senhora” que, quase sempre, são um espectáculo algo deprimente, quer dos “estes senhores” e das “estas senhoras”, quer dos repórteres de serviço. Às tantas, a repórter repara que o “este senhor” que entrevistava e estava a abastecer a viatura, deveria estar ligado a um talho e aproveita para perguntar se o “este senhor” também notava a crise lá no talho. A repórter mostra aqui um profundo sentido de oportunidade e faz uma espécie de dois em um, fala do aumento dos combustíveis para os veículos e tenta ainda perceber o que se passa com os combustíveis para as pessoas, genial.
O “este senhor” diz que as coisas lá pelo talho andam também pelas ruas da amargura, as pessoas compram bastante menos e compram do mais barato. Diz “este senhor” que as pessoas compram febras e quando as comem dizem ao estômago que se trata de bife. O estômago, pelos vistos, deixa-se enganar e sempre sai um bocado mais barato.
E assim vamos vivendo, enganando o estômago e enganando a esperança. É a vida, pá.

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