Segundo um relatório da Organização Internacional
do Trabalho em 2011, 56 % dos jovens portugueses com trabalho têm contratos a
prazo. Há algum tempo uma informação do Banco de Portugal referia que em cada
dez empregos novos para jovens, nove são precários. Por outro lado, a taxa de
desemprego entre os mais novos está acima dos 35.5 %, a terceira taxa mais alta da
UE.
Segundo um estudo da CGTP, 51% dos jovens com
menos de 25 anos ganha menos de 500 € e 24,5% dos jovens entre os 25 e os 35
recebe também menos de 500 €. Este cenário evidencia a enorme precariedade do
trabalho e baixa qualificação do mesmo.
Segundo dados do INE de há meses, 314 000 jovens
não estudam nem trabalham, a designada situação “nem nem”. Estes números,
atendendo à dimensão do país são absolutamente dramáticos.
A precariedade nas relações laborais quase
duplicou na última década. Portugal é o segundo país da Europa, a seguir à
Polónia, com maior nível de contratos a prazo. Por outro lado, as políticas de
emprego em curso incluem maior
flexibilização das relações laborais o que, naturalmente, é coerente com os
ventos neo-liberais e o endeusamento do mercado que tudo permite, incluindo
roubar a dignidade às pessoas e promover exclusão.
Deste cenário e dos números do desemprego,
resulta que os mais novos à entrada no mercado de trabalho são os mais
vulneráveis ao desemprego e à precariedade quando, apesar das dificuldades,
acedem a algum emprego.
Esta situação complexa e de difícil ultrapassagem
tem, obviamente, sérias repercussões nos projectos de vida das gerações que
estão a bater à porta da vida activa. Entre outras, contar-se-ão, os
indicadores mostram-no, o retardar da saída de casa dos pais por dificuldade no
acesso a condições de aquisição ou aluguer de habitação própria ou o adiar de
projectos de paternidade e maternidade que por sua vez se repercutem no inverno
demográfico que atravessamos e que é uma forte preocupação no que respeita à sustentabilidade
dos sistemas sociais. As gerações mais novas que experimentam enormes
dificuldades na entrada sustentada na vida activa, vão também, muito
provavelmente, conhecer sérias dificuldades no fim da sua carreira
profissional.
No entanto, um efeito muito significativo mas
menos tangível desta precariedade no emprego, é a promoção de uma dimensão
psicológica de precariedade face à própria vida no seu todo e que, com alguma
frequência, os discursos das lideranças políticas acentuam. Dito de outra maneira,
pode instalar-se, está a instalar-se, uma desesperança que desmotiva e faz
desistir da luta por um projecto de vida de que se não vislumbra saída
motivadora e que recompense. Podemos estar perante as gerações perdidas de que
há algum tempo se falava.
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