Apesar de serem passos pequenos e
dados vagarosamente, como diria o Ministro Vítor Gaspar com a sua enorme sabedoria
bem humorada, ou seja, um pé atrás do outro, vamos aliviando a pegada
ecológica.
Um dia destes, na minha praia de
sempre, aliás, a melhor praia do mundo, a Costa da Caparica, na montra, areia e
mar, evidentemente, porque as traseiras são um filme de terror
urbanístico-civilizacional, assisti a uma cena curiosa.
Um miudito, como todos os miúdos
de todos os tempos, pede ao pai um gelado quando passa a senhora que foge da
ASAE e da Polícia Marítima que, não conseguindo chegar ao peixe grosso, ataca o
peixe miúdo, está mais à mão e é mais fácil. O pai, como todos os pais de todos
tempos, resiste aos dois primeiros pedidos mas, obviamente, compra o gelado à
criancinha que começa cedo a perceber as vantagens da persistência e do
empreendedorismo.
Depois de "descascado"
o gelado, o papel é solto à brisa da praia, qual papagaio colorido. Aqui o pai,
levanta-se, de novo, da sua cadeirinha de praia e corre até alcançar o papel
que traz e guarda num saco.
Pensei para comigo, na verdade "The
times they are a-changin'", como diria o velho Dylan.
Entretanto, o pai volta à sua
cadeira e quando se senta, dá uma olhadela furtiva à sua volta e com o pé atira
um punhado de areia para tapar um montinho de pontas de cigarro que tinha acumulado ao
lado da cadeira.
Fui para o mar mergulhar o meu
desencanto. Como quase sempre, a água estava fria, as águas da Costa são frias,
faz parte do encanto.
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