Ao fim de uns dias neste
encantamento que é a Ilha das Flores, o lidar da vida revela uma curiosidade. Apesar
da proximidade que a net, ainda que pouco acessível, e o imprescindível telefone
permitem, ao fim de uns dias começamos a perceber, a sentir, a distância, no
seu sentido mais físico, relativamente à circunstância que somos, o nosso mundo.
Depois da descoberta mágica dos
primeiros dias e da sede obsessiva de conhecer, de ver, de descobrir e da
perplexidade a cada curva, parece dar-se uma aquietação que torna mais
familiares espaços, paisagens, pessoas, que nos não são de todo próximas.
Simultaneamente e ao contrário,
instala-se de mansinho uma sensação de lonjura, de afastamento, do meu mundo, que
é curiosa e estranha.
Ganha novo sentido para mim a
escrita de Herberto Helder que está no cabeçalho do Atenta Inquietude, "E
o mundo ..., sou eu que o contemplo, é ele que me contempla, ou
trocamo-nos?"
Na verdade, eu não sou daqui, o
meu mundo não é deste reino, como diria João de Melo, por coincidência um açoriano
de S. Miguel, começo a sentir-me longe do meu mundo, o que é bom e mau, mas,
devagar, começo a ganhar o tempo e o modo, ou seja, começamos a trocarmo-nos, este mundo e o mundo
que eu sou e carrego.
Esta narrativa tem um final
antecipado. Vou voltar rapidamente para o meu mundo, e guardar bem guardados os
momentos de paraíso que descobri e vivi neste mundo mágico que é a Ilha das
Flores.
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