quinta-feira, 9 de agosto de 2012

PARADINHOS, GORDINHOS E COM PIORES NOTAS. Mexam-se

Um estudo da Faculdade de Motricidade Humana envolvendo cerca de 3000 alunos vem sublinhar que a actividade física se repercute positivamente, entre outros aspectos, no rendimento escolar.
Recordo também um trabalho há pouco divulgado na Lancet referindo que em Portugal, entre os adolescentes, dos 13 aos 15, quatro em cada cinco não são fisicamente activos.
Por coincidência estes dados pouco simpáticos e animadores em termos de qualidade de vida actual e futura surgem num altura em que se assiste a uma desvalorização por parte do MEC do peso curricular da Educação Física. Mais algumas notas a este propósito.
Segundo o último Relatório Health Behaviour in School-aged Children da OMS, Portugal é um dos países envolvidos no estudo, 39 da Europa e América do Norte, que apresenta mais excesso de peso entre a população mais jovem, 5º lugar aos 11 anos, 4º lugar aos 13 e 6º aos 15 anos. Internamente, dados de há meses apresentados no XIV Congresso Português de Obesidade, referem, sem novidade pois vai ao encontro de outros resultados, que 22.6 % das crianças dos 10 aos 18 anos estão em situação de pré-obesidade e 7.8 % já são obesos.
Quanto aos adultos, sem surpresa os números pioram, 50% dos homens e 30% das mulheres estarão em situação de pré-obesidade ou obesidade.
Na verdade, a obesidade infantil afecta um número muito significativo de crianças e adolescentes, assenta fundamentalmente nos estilos de vida dos mais novos de que releva o sedentarismo excessivo e a péssima qualidade genérica ao nível dos hábitos alimentares. É de registar que as escolas têm vindo a fazer um esforço no sentido de aumentar a qualidade alimentar da oferta, o que não parece ser acompanhado pelas famílias, ilustrado pela desproporcionalidade do consumo de água e de refrigerantes no contexto familiar.
Creio ainda de sublinhar que estudos realizados em Portugal mostram que a obesidade infantil é já um problema de saúde pública, implicando, por exemplo, o disparar de casos de diabete tipo II em crianças.
Estas abordagens suscitam com frequência algumas reacções de pessoas que entendem que qualquer discurso ou iniciativa no âmbito dos comportamentos configuram uma intromissão e desrespeito dos direitos individuais. No entanto, insisto na necessidade de iniciativas e discursos que promovam comportamentos mais saudáveis sobretudo quando se trata de crianças e adolescentes que são obviamente mais vulneráveis e desinformadas.
As consequências potenciais deste quadro em termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em termos individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido, um problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de programas de prevenção, educação e remediação que o combatam.
Apesar das eventuais reacções contra o que chamam de “fundamentalismo nos hábitos individuais”, creio que são também de ponderar as implicações colectivas e sociais destes problemas.
Além de que todos sabemos que o excesso de peso e os riscos associados não serão, para a esmagadora maioria das miúdos e graúdos nessa situação, uma escolha individual, é algo de que não gostam e sofrem, de diferentes formas, com isso.
Ser o MEC a desvalorizar a prática da Educação Física é que parece um mau sinal.

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