Era uma vez um miúdo chamado
Pensador. Tinha uns treze anos e a sua vida não andava fácil. Tinha um
comportamento que lhe criava algumas dificuldades. Não havia assunto ou
circunstância em que estivesse envolvido que não fizesse uma enorme quantidade
de perguntas. Pensava algum tempo nas respostas, voltava às perguntas e, por
vezes, algum tempo depois, ainda tornava à mesma questão sempre iniciando as
suas frases por um “Estive a pensar e …”.
Já trazia esta forma de funcionar
desde pequeno mas os adultos, usando a sua adulta autoridade, mandavam-no calar
quando faltava a paciência para tanto pensar, os colegas, às tantas já nem lhe
ligavam e diziam lá está o Pensador.
Agora mais crescido e com uma
sólida capacidade de argumentação, já não era tão fácil que se calasse por
indicação dos adultos e, por outro lado, os colegas, apesar de o acharem chato,
até achavam graça à sua permanente inquietação e às discussões que
desencadeava, quando se cansavam voltavam costas. O Pensador não desistia e
continuava com o seu “Estive a pensar e …” mas, aos poucos, percebeu que as
pessoas iam deixando de falar com ele e, até, responder às questões que
colocava.
Os professores, quase todos,
agiam como se ele não estivesse na turma e fugiam de qualquer diálogo, os
colegas deixavam-no só.
O Pensador começou a pensar que a
sua vida ficava complicada, assim só arranjava problemas e tentava encontrar
forma de resolver esta situação. De tanto pensar encontrou a solução, deixou de
pensar.
Passou a ter uma vida muito mais
tranquila. Até já gostavam dele, chamavam-lhe Pensador Certinho.
Ninguém deu por isso, mas o
Pensador aprendeu a pensar só para si.
Existem mais miúdos pensadores só para si do que imaginamos.
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