Nos últimos anos com a crise
financeira e económica que nos esmaga tornou-se conhecida uma expressão que não
me recordo de ver utilizada antes, testes de stresse aos bancos. A propósito da
crise nos mercados financeiros realizam-se regularmente aos bancos europeus os
tais testes de stresse, também chamados de resistência, para aferir da sua
capacidade de resposta.
Os resultados da última bateria
de testes de stresse mostraram que o Novo Banco, o BES bom, não terá aguentado
o stresse e precisa de suplementos que o fortifiquem. Veremos quem vai financiar
o processo.
No entanto, sendo algo de novo,
para mim, os testes de stresse neste universo, a banca, estes testes são mais do
que frequentes e conhecidos. A vida de muitas famílias é um contínuo teste de
stresse. Julgo que seria, aliás essencial, que as lideranças, na sua maioria medíocres,
também se inquietassem com o stresse que afecta a vida de muitos milhões de
pessoas, designadamente de crianças e adolescentes.
Muitas crianças e adolescentes passam
o dia a saltitar entre actividades e a correr de espaço para espaço sem tempo
para respirar.
Muitas crianças e adolescentes vivem
em famílias que experimentam tremendas dificuldades em assegurar patamares
mínimos de bem-estar e qualidade de vida.
Muitas crianças são vítimas de
maus-tratos e negligência que transforma a sua vida num inferno inaceitável.
Muitas crianças e adolescentes
com necessidades especiais vêem atropelados os seus direitos a dimensões
básicas da qualidade de vida, a educação, por exemplo.
Muitas crianças e adolescentes
são fortemente pressionados pelas famílias para a excelência do desempenho
vivendo angustiadamente perante o risco do fracasso e de se sentirem
responsáveis por expectativas familiares defraudadas.
Muitas crianças e adolescentes
vivem em ambientes afectivamente hostis, ameaçadores da sua auto-estima e
confiança quando não vitimizados pela fragilidade que demonstram.
Muitos adolescentes e jovens
sentem-se perdidos e incapazes de construir um projecto de vida viável capaz de
os rebocar até ao futuro.
Os exemplos poderiam crescer, mas
parecem suficientes para mostrar o nível de especialização que muitas crianças,
adolescentes e jovens já atingiram em testes de stresse.
E só falei dos mais novos. No fundo e
relativamente à banca, creio que sempre viveu, vive e viverá sem grande stresse.
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