domingo, 15 de novembro de 2015

TESTES DE STRESSE? SIM, A VIDA DE MUITAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Nos últimos anos com a crise financeira e económica que nos esmaga tornou-se conhecida uma expressão que não me recordo de ver utilizada antes, testes de stresse aos bancos. A propósito da crise nos mercados financeiros realizam-se regularmente aos bancos europeus os tais testes de stresse, também chamados de resistência, para aferir da sua capacidade de resposta.
Os resultados da última bateria de testes de stresse mostraram que o Novo Banco, o BES bom, não terá aguentado o stresse e precisa de suplementos que o fortifiquem. Veremos quem vai financiar o processo.
No entanto, sendo algo de novo, para mim, os testes de stresse neste universo, a banca, estes testes são mais do que frequentes e conhecidos. A vida de muitas famílias é um contínuo teste de stresse. Julgo que seria, aliás essencial, que as lideranças, na sua maioria medíocres, também se inquietassem com o stresse que afecta a vida de muitos milhões de pessoas, designadamente de crianças e adolescentes.
Muitas crianças e adolescentes passam o dia a saltitar entre actividades e a correr de espaço para espaço sem tempo para respirar.
Muitas crianças e adolescentes vivem em famílias que experimentam tremendas dificuldades em assegurar patamares mínimos de bem-estar e qualidade de vida.
Muitas crianças são vítimas de maus-tratos e negligência que transforma a sua vida num inferno inaceitável.
Muitas crianças e adolescentes com necessidades especiais vêem atropelados os seus direitos a dimensões básicas da qualidade de vida, a educação, por exemplo.
Muitas crianças e adolescentes são fortemente pressionados pelas famílias para a excelência do desempenho vivendo angustiadamente perante o risco do fracasso e de se sentirem responsáveis por expectativas familiares defraudadas.
Muitas crianças e adolescentes vivem em ambientes afectivamente hostis, ameaçadores da sua auto-estima e confiança quando não vitimizados pela fragilidade que demonstram.
Muitos adolescentes e jovens sentem-se perdidos e incapazes de construir um projecto de vida viável capaz de os rebocar até ao futuro.
Os exemplos poderiam crescer, mas parecem suficientes para mostrar o nível de especialização que muitas crianças, adolescentes e jovens já atingiram em testes de stresse.
E só falei dos mais novos. No fundo e relativamente à banca, creio que sempre viveu, vive e viverá sem grande stresse.

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