domingo, 22 de novembro de 2015

AS AUDIÇÕES INCOMPLETAS

Cavaco Silva continua a pensar na decisão sobre o futuro Governo. Como o bom senso aconselha a que não se pense sozinho, sobretudo em decisões importantes, o Presidente da República, homem sensato, tem vindo a ouvir opiniões e conselho de ilustre gente. É uma atitude humilde de alguém que raramente tem dúvidas e nunca se engana.
Para além dos partidos, natural e constitucionalmente, entendeu por bem ouvir empresários, banqueiros, economistas e sindicalistas. Apesar de ter como órgão de consulta o Conselho de Estado recorreu a um grupo de individualidades que, com as óbvias excepções, foram dizer  … o que ele queria ouvir e já sabia que iam dizer.
Este processo de audições parece-me inquinado de uma profunda injustiça e arbitrariedade.
Na verdade, opinar sobre que Governo indigitar é de uma enorme responsabilidade que, do meu ponto de vista deveria ser alargada à chamada sociedade civil mas numa perspectiva mais alargada.
Assim sendo, dado que os professores têm uma intervenção absolutamente crucial na construção do futuro também deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, os médicos, especialmente, psiquiatras, e psicólogos que cuidam da saúde mental dos portugueses que anda pelas ruas da amargura com comprova o enorme consumo de psicofármacos, deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, os técnicos de serviço social que diariamente lidam com situações de pobreza, carência e exclusão deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, os agentes das diversas autoridades policiais que devem conter comportamentos e manifestações dos cidadãos deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, …
Assim sendo, os 62% de eleitores que disseram não quere a continuidade das políticas que temos sofrido deveriam ser ouvidos.

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