Cavaco Silva continua a pensar na
decisão sobre o futuro Governo. Como o bom senso aconselha a que não se pense
sozinho, sobretudo em decisões importantes, o Presidente da República, homem
sensato, tem vindo a ouvir opiniões e conselho de ilustre gente. É uma atitude
humilde de alguém que raramente tem dúvidas e nunca se engana.
Para além dos partidos, natural e
constitucionalmente, entendeu por bem ouvir empresários, banqueiros,
economistas e sindicalistas. Apesar de ter como órgão de consulta o Conselho de
Estado recorreu a um grupo de individualidades que, com as óbvias excepções, foram
dizer … o que ele queria ouvir e já
sabia que iam dizer.
Este processo de audições
parece-me inquinado de uma profunda injustiça e arbitrariedade.
Na verdade, opinar sobre que
Governo indigitar é de uma enorme responsabilidade que, do meu ponto de vista
deveria ser alargada à chamada sociedade civil mas numa perspectiva mais alargada.
Assim sendo, dado que os professores
têm uma intervenção absolutamente crucial na construção do futuro também
deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, os médicos,
especialmente, psiquiatras, e psicólogos que cuidam da saúde mental dos
portugueses que anda pelas ruas da amargura com comprova o enorme consumo de
psicofármacos, deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, os técnicos de
serviço social que diariamente lidam com situações de pobreza, carência e
exclusão deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, os agentes das
diversas autoridades policiais que devem conter comportamentos e manifestações
dos cidadãos deveriam ser ouvidos sobre o futuro Governo.
Assim sendo, …
Assim sendo, os 62% de eleitores
que disseram não quere a continuidade das políticas que temos sofrido deveriam
ser ouvidos.
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