Parece confirmar-se a iniciativa legislativa dos partidos da maioria parlamentar no sentido de determinar a extinção dos exames finais do 1º ciclo.
Como diz o Público a medida
merece concordância de pais e professores, eu diria, de muitos pais e de
muitos professores.
A este propósito retomo algumas notas
recentes e que me parecem justificadas face à realidade vivida nas escolas.
Quem acompanha o que por aqui vou
escrevendo sabe que a minha posição não é favorável à existência de exames
nacionais, obrigatórios e com impacto no trajecto dos alunos ao fim de quatro
anos de escolaridade, realizando-se ainda uma avaliação no 2º ano.
Não vou repetir a argumentação,
recordo apenas que a esmagadora maioria dos países da OCDE não tem um exame
nacional com estas características tão cedo e que organizações como a OCDE e
UNESCO alertam para os riscos de sobrevalorização da avaliação externa que tem
caracterizado a política educativa mais recente.
Nesta conformidade, parece-me
aceitável que se elimine o exame nacional do 4ºano.
No entanto, é imprescindível que
se não fique por aqui, a simples eliminação. Seria uma medida de natureza
simbólica mas quase irrelevante nos seus resultados embora possa ser significativo
a alteração do clima vivido nas escolas e nas famílias em torno dos exames.
Do meu ponto de vista, a questão
mais importante é definir de forma adequada e com os recursos necessários
apoios estão disponíveis para as dificuldades experimentadas por alunos e
professores ao longo de todo ciclo pois sem estes recursos disponibilizados em
tempo oportuno o impacto do fim dos exames na qualidade do trabalho dos alunos
e dos professores é nulo. É assim que os melhores sistemas educativos que não
têm exames tão cedo estão organizados. Este entendimento não tem rigorosamente
a ver com facilitismo pois não consta que esses países tenham sistemas
educativos “facilitistas” apesar de não terem exames tão precoces e nos anos de
exame apresentarem taxas de retenção muito baixas.
Convém também não esquecer o
impacto que turmas sobrelotadas, metas curriculares excessivas e burocratizadas
que inibem a acomodação das diferenças entre os alunos, insuficiência de apoios
às dificuldades de alunos e professores durantes todos os anos do ciclo, entre
outros aspectos, podem assumir nestes resultados e não constituir o melhor
contexto para sustentar a evolução pretendida.
Quem conhece minimamente as
escolas sabe que o terceiro período dos anos finais de ciclo se transformou num
período de preparação obsessiva para os exames que deixa insatisfeitos
professores e alunos. Os resultados escolares no 1º e 2º ciclo, nas condições
de funcionamento e características das nossas escolas, também não melhoravam
significativamente com uma explicação intensiva realizada no 3º período e no
período suplementar de explicações por maior empenho que seja colocado pelos
professores e escolas.
É tudo isto que deve ser
considerado ao decidir “acabar” com os exames do 4º ano.
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