Foram hoje divulgados alguns
dados de um projecto no âmbito da igualdade de género da responsabilidade do
Instituto de Ciências Sociais da Universidade Lisboa e da Comissão para a
Igualdade no Trabalho e no Emprego.
Com base no International Social
Survey Programme e considerando 2014, as mulheres ocupam 21 horas por semana em
“tarefas domésticas”, como passar a ferro ou fazer refeições, enquanto os homens
ocupam 8 horas nas mesmas actividades. Acresce o tempo usado no que é designado
como “cuidados a familiares” em que se nclui cuidar dos filhos, a mulheres 17
horas por semana e os homens 9.
Apesar de se manter esta
assimetria deve registar-se algum progresso no sentido do maior equilíbrio e cooperação sobretudo nos casais mais novos
o que pode sugerir uma mudança consistente.
Estes dados vão no mesmo sentido
de trabalhos como da OCDE “Closing the Gender Gap: Act Now, sendo que nesse
estudo as mulheres portuguesas eram as quartas mais “trabalhadeiras” em termos
comparativos.
Por outro lado, um outro trabalho
internacional de que não localizo a referência revelava que as mulheres
portuguesas são das que mais tempo trabalham fora de casa. Existem também
indicadores sustentando que as mulheres portuguesas são de entre as europeias
as que mais valorizam a carreira profissional e a família, a maternidade.
Este conjunto de indicadores
ilustram as dinâmicas familiares actuais e ajudam, também a entender as
dificuldades e inibição que muitas famílias sentem em integrar filhos nos seus
projectos de vida e o consequente envelhecimento e ausência de renovação
geracional.
É evidente que as questões não
são exclusivamente de natureza económica, os valores e a condição da mulher nas
diferentes comunidades desempenham um papel crucial e interagem com as questões
económicas. Os salários são genericamente baixos e baixos e não podemos
esquecer a discriminação salarial de que muitas mulheres, sobretudo em áreas de
menor qualificação, são ainda alvo e a forma como a legislação laboral e a sua
“flexibilização” as deixam mais desprotegidas. São conhecidas muitas histórias
sobre casos de entrevistas de selecção em que se inquirirem as mulheres sobre a
intenção de ter filhos, sobre casos de implicações laborais negativas por
gravidez e maternidade, sobre situações em que as mulheres são pressionadas
para não usarem a licença de maternidade até ao limite, etc. Pode também
referir-se que apesar das alterações legislativas o uso partilhado da licença
por nascimento de filhos ainda é significativamente baixo.
Na verdade e apesar de algumas
alterações que se vão sentindo, a metade do céu, que as mulheres representam,
carrega um fardo pesado.
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