Ao que a imprensa refere, já deu
entrada a iniciativa legislativa que com o apoio da maioria parlamentar dará
fim à sinistra PACC, Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades, para
ingresso na carreira de Professor. Parece, pois, que a sinistra morreu de morte
matada, como diz João Cabral de Melo Neto.
Algumas notas velhas.
Uma primeira nota para sublinhar
que o seu desaparecimento faz esquecer o que nesta matéria se passou.
Na verdade, o saldo deste
processo que se iniciou, é bom lembrar com a institucionalização desta Prova em
2007 pelo PS, que agora votará pela sua extinção, e que Nuno Crato recuperou da
maneira aberrante e a que temos vindo a assistir com um primeiro episódio em 18
de Dezembro de 2013, é profundamente negativo e uma das páginas mais negras da
educação em Portugal e uma enorme humilhação e desrespeito à classe docente, a
todos os Professores, avaliados e avaliadores ou vigilantes.
Em termos breves e em jeito de
balanço, estabelecer uma Prova de acesso à carreira docente que não envolva
avaliação das práticas durante algum tempo como se verifica em muitos países é,
podemos afirmar assim, uma decisão política, não ignorância ou incompetência científica. Nenhuma prova curta e que não envolva prática educativa em sala de aula pode avaliar a preparação de um
professor para leccionar. Nuno Crato sabia disso, como é evidente.
Mas Nuno Crato foi mais longe,
recuperou a Prova definida em 2007 e institui um modelo com uma componente
comum, com itens de resposta múltipla e que mais não são do que charadas
lógicas sem qualquer relação com o exercício da profissão professor e uma
"resposta extensa orientada" com um número de palavras entre 250 e
350 a que acresce uma Componente específica sobre a disciplina que o docente se
propõe leccionar que aliás nem se realizou nas edições anteriores.
A esta aberração sujeitar-se iam
todos os professores que não estão nos quadros. Acontece que muitos destes
professores são-no há vários anos, com prática avaliada e a reacção foi
imediata. Com a colaboração prestimosa da FNE, o MEC assumiu a generosidade de
decidir que a Prova só seria realizada pelos professores com menos de 5 anos.
Acrescenta-se, assim, incompetência e manha pois que diferença de
"Conhecimentos e Capacidades" existirá entre professores com mais ou
menos uns dias de experiência.
Marcou-se a data para Sinistra
Prova e o alarido e confusão foram grandes pelo que muitos docentes não a
realizaram. O MEC insiste, elimina a componente específica como se passasse a
confiar no que antes desconfiava, o conhecimento científico dos professores
sobre o se propõem ensinar, e num processo absolutamente indigno e deplorável
em ética e transparência, cheio de habilidades certamente "normais",
marcou nova Prova.
Não é possível que alguém
conhecedor deste processo e dos seus conteúdos, designadamente do modelo de
Prova, possa aceitar tal ofensa e humilhação. Não é acertando na resolução de
problemas de lógica que se evidencia qualidade e preparação para se ser
professor. Esta Prova não tem rigorosamente a ver com a avaliação de desempenho
dos professores, confusão que transparece em inúmeros comentários que se
ouviram e leram. Tal confusão, creio, será, também, da responsabilidade também
dos professores e seus representantes. Ao MEC interessa uma opinião pública mal
informada, mal “formada” e "contra" os professores como sucessivas
equipas da 5 de Outubro têm alimentado.
De facto, para terminar, o saldo
de tudo isto é algo de muito negro para a educação em Portugal, pelo modelo de
avaliação, pelo processo, pelo modelo e conteúdos da Prova e, sobretudo, pela
humilhação e desrespeito aos professores e pela sua profissão, cujos saberes e
competência não cabem em 32 itens e uma resposta "extensa orientada"
até 350 palavras.
O Ministro Nuno Crato e os e os
seus ajudantes sabiam, evidentemente que isto assim é. No entanto, a afirmação
infantil de autoritarismo em nome de uma autoridade que não têm e que lhes não
é reconhecida, um fingimento de rigor que a incompetência episódios sucessivos
negaram mas, sobretudo, a tentativa desesperada de continuar a voltar a opinião
pública contra os professores levou Nuno Crato a insistir despudoradamente na
realização desta sinistra PACC.
A história não os absolverá.
Morra a sinistra PACC, Morra! PIM!
A ver vamos.
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