Realizou-se hoje em Lisboa mais
uma iniciativa do Plano Nacional de Leitura, iniciado em 2006 com o objectivo
global de promover a literacia e hábitos de leitura designadamente em população
mais novas. Apesar dos progressos registados, voltou a concluir-se que muito
está por fazer nesta matéria e sabendo-se que o PNL acabará no próximo ano
seria desejável a importância dos objectivos fosse devidamente considerada.
Algumas notas.
Diversos estudos ao longo dos
últimos anos têm vindo a evidenciar hábitos insuficientes de leitura e escrita
entre os alunos ao longo da escolaridade, lêem e escrevem pouco, o que acentua
as dificuldades que, mesmo em processos de escolarização longos incluindo
formação universitária, acabam por não ser corrigidos de forma significativa em
muitas situações, tal como a permanência de baixos níveis de leitura.
De facto, independentemente de questões relacionadas com as metodologias que foram sendo utilizadas pelos
professores, das suas opções e competências na didáctica da Língua portuguesa,
certamente passíveis de melhorar através de formação consistente, a grande
questão e que parece simples de enunciar será, os alunos, de uma forma geral,
lêem e escrevem pouco.
Podemos aduzir uma série de
razões para que isto aconteça, questões que decorrem da concorrência da
actividade de leitura e escrita com outras actividades ou meios percebidas aos
olhos dos alunos como mais apelativas, poucos hábitos de leitura no ambiente
familiar, alguns equívocos nas concepções sobre práticas pedagógicas que levaram
a que durante algum tempo, sobretudo nos primeiros anos de escolaridade, se
descurasse, mesmo quando tal era possível, a actividade de leitura individual e
à escrita na sala de aula por parecer “conservador” ou “pouco activo”, etc.
Por outro lado, actualmente, estamos
num tempo em que desde o 1º ciclo, a pressão sobre a escola, a natureza e
extensão dos conteúdos curriculares e a visão que os informa, o estabelecimento
de metas curriculares de forma excessiva e burocratizada, além de outra
variáveis como o tempo passado na escola, criam algumas dificuldades a
professores e alunos no sentido de se estruturarem espaços e tempo de leitura e
escrita que não sejam no cumprimento estrito das metas e dos manuais ou,
naturalmente, fora das actividades lectivas.
Com o pouco tempo disponível e
com a concorrência fortíssima de outras actividades a tarefa não é fácil.
Muitos professores,
designadamente no 1º ciclo e os de Português nos anos seguintes, referem
justamente que seria desejável que os alunos tivessem mais tempo para ler e
escrever em contextos e actividades "livres" dos manuais ou das obras
prescritas pelo programa. Os mais novos, e não só, lêem e escrevem pouco e esses hábitos são
persistentes. Apesar de alguns ganhos observados no âmbito do Plano Nacional de
Leitura.
Mas mais do que as razões, e
todas contribuirão para a situação que temos, é importante, diria
imprescindível, que nos convencêssemos todos, professores, pais e outros
actores, que só se aprende a ler, lendo, só se aprende a escrever, escrevendo,
só se aprende a andar, andando, só se aprende a falar, falando, etc., etc.
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