Esta iniciativa da Câmara de
Lisboa merece registo e vai ao encontro de algo que movimentos e organizações como
os (d)Eficientes Indignados, têm vindo a exigir, o respeito pela autonomia e
direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência, designadamente, o
direito à independência e autodeterminação.
Uma breve nota.
A política social dos últimos
anos pode, também, sintetizar-se da seguinte forma, cortes brutais nos apoios
às pessoas, às famílias, Rendimento Social de Inserção, subsídio de desemprego,
abono de família, etc., e aumento dos apoios às instituições que operam no
sector social.
Para quem nos governa os pobres
ou pessoas com deficiência não são capazes de tomar conta de si próprias,
precisam sempre da tutela cuidadora de uma instituição. Uma versão enviesada de
um estado social.
Com este entendimento, a título
de exemplo e como alguns trabalhos têm evidenciado, o Estado prefere entregar a
uma instituição uma verba para alimentar uma família numa cantina social
superior à verba que essa família recebe em Rendimento Social de Inserção.
Como é evidente as instituições
agradecem, as pessoas comem mas ... não se libertam da pobreza e da
dependência.
Situação semelhante se passa no
universo das pessoas com deficiência existe o mesmo problema que tem motivado
uma luta importante por parte das pessoas com deficiência.
De facto, o estado subsidia as
instituições para apoio a deficientes em 951€ mais uma parte dos rendimentos
dos cidadãos institucionalizados mas não apoia as próprias pessoas que poderiam
encontrar por sua iniciativa respostas e, provavelmente, com menores custos. Os
cidadãos com deficiência exigem também assumir a decisão sobre a escolha do seu
cuidador(a) dada a natureza da relação que se estabelece.
Mas é esse o entendimento
subjacente a boa parte das políticas sociais, os pobres, tal como as pessoas
com deficiência, não sabem tomar conta de si, precisam sempre da presença de
uma instituição prestadora de cuidados, não são autodeterminadas,
independentes.
Como é evidente, este discurso
não pretende tornar dispensáveis as instituições, são necessárias
particularmente em situações de crise ou de problemáticas mais severas, mas,
simplesmente, de defender que as pessoas, muitas delas, são capazes de tomar
conta de si próprias, incluindo a gestão dos apoios que a sua situação possa
justificar.
No fundo, é, simplesmente, uma
questão de direitos individuais e sociais.
A iniciativa da Câmara de Lisboa,
hoje referenciada no Público, vai no caminho certo, o respeito pela autonomia e
direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência, designadamente, o
direito à independência e autodeterminação.
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