No Público de hoje surge contada
na primeira pessoa a história e experiência de vida de um cidadão com
fortíssimas limitações de mobilidade sendo evidenciada de forma dura e clara a
permanente prova de obstáculos em que se transforma a sua vida do Eduardo e dos demais
cidadãos com deficiência.
O Eduardo tem sido apoiado por um
movimento, (d)Eficientes Indignados, que tem vindo a exigir o respeito pela
autonomia e direitos individuais e sociais das pessoas com deficiência, designadamente,
o direito à independência e autodeterminação.
Uma breve nota.
A política social dos últimos
anos pode, também, sintetizar-se da seguinte forma, cortes brutais nos apoios
às pessoas, às famílias, Rendimento Social de Inserção, subsídio de desemprego,
abono de família, etc., e aumento dos apoios às instituições que operam no sector
social.
Para quem nos governa os pobres
ou pessoas com deficiência não são capazes de tomar conta de si próprias,
precisam sempre da tutela cuidadora de uma instituição. Uma versão enviesada de um estado social.
Com este entendimento, a título
de exemplo e como alguns trabalhos têm evidenciado, o Estado prefere entregar a
uma instituição uma verba para alimentar uma família numa cantina social
superior à verba que essa família recebe em Rendimento Social de Inserção.
Como é evidente as instituições
agradecem, as pessoas comem mas ... não se libertam da pobreza e da
dependência.
Situação semelhante se passa no universo
das pessoas com deficiência existe o mesmo problema que tem motivado uma luta
importante por parte das pessoas com deficiência em que o Eduardo, o
protagonista do trabalho de hoje do Público, se tem empenhado e que já envolveu
várias iniciativas como greve de fome ou uma viagem de Abrantes a Lisboa na sua
cadeira de rodas.
De facto, o estado subsidia as
instituições para apoio a deficientes em 951€ mais uma parte dos rendimentos dos cidadãos institucionalizados mas não apoia as próprias pessoas
que poderiam encontrar por sua iniciativa respostas e, provavelmente, com
menores custos. Os cidadãos com deficiência exigem também assumir a decisão sobre a escolha do seu cuidador(a)
dada a natureza da relação que se estabelece.
Mas é esse o entendimento
subjacente a boa parte das políticas sociais, os pobres, tal como as pessoas
com deficiência, não sabem tomar conta de si, precisam sempre da presença de
uma instituição prestadora de cuidados, não são autodeterminadas, independentes.
Como é evidente, este discurso
não pretende tornar dispensáveis as instituições, são necessárias
particularmente em situações de crise ou de problemáticas mais severas, mas,
simplesmente, de defender que as pessoas, muitas delas, são capazes de tomar
conta de si próprias, incluindo a gestão dos apoios que a sua situação possa
justificar.
No fundo, é, simplesmente, uma
questão de direitos individuais e sociais.
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