sábado, 14 de novembro de 2015

ENSINO SUPERIOR E MERCADO DE TRABALHO

No Público de hoje encontra-se uma peça sobre o Relatório da Comissão Europeia, “Education and Training Monitor 2015” do qual também ontem comentei alguns aspectos. Umas notas relativas a, cito, “Comissão Europeia quer que as instituições do superior olhem mais para o mercado de trabalho”.
É evidente que as instituições de ensino superior não podem esquecer o mercado de trabalho mas não podem ter o “mercado de trabalho” como único determinante da sua oferta.
Recordo uma entrevista também ao Público em Janeiro do ano passado de Devon Jensen, professor universitário com trabalho desenvolvido sobre o papel das universidades, a sua relação com os governos e o mundo económico e empresarial, que esteve a Lisboa para uma conferência com a estimulante interrogação como título, Is Higher Education Merely a Servant of the Economy?  .
Da extensa entrevista cuja leitura na altura recomendei retomo alguns apontamentos.
Em primeiro lugar parece-me de a importância crucial atribuída ao investimento em formação de nível superior ainda que em diferentes formatos e extensão. Esta afirmação contraria a lógica actualmente seguida em Portugal de desinvestimento no ensino superior e investigação.
Quanto ao entendimento, cito as várias referências de Pires de Lima ou Nuno Crato, de que a definição da oferta formativa de ensino superior deve ter como critério quase exclusivamo a “empregabilidade”, Devon Jensen chamava a atenção para a volatilidade e mudança no mercado de trabalho, bem como para o papel de liderança que as instituições devem assumir na definição da sua oferta, ou seja e como já tenho referido, o ensino superior não deve ignorar o marcado de trabalho mas não pode andar “a reboque” desse mercado que, aliás, muda a uma velocidade enorme.
Existem cursos que apesar de alguma menor empregabilidade se inscrevem em áreas científicas de que não podemos prescindir com o fundamento exclusivo no mercado de emprego, existem sempre áreas ou nichos de formação e investigação que são imprescindíveis num tecido universitário moderno e que são imprescindíveis ao progresso das sociedades.
Neste âmbito considero, por exemplo, a formação e investigação em Ciências Sociais que tão maltratadas têm sido nos últimos tempos.

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