No Público de hoje encontra-se uma
peça sobre o Relatório da Comissão Europeia, “Education and Training Monitor 2015” do qual também ontem comentei
alguns aspectos. Umas notas relativas a, cito, “Comissão Europeia quer que as instituições do superior olhem mais para o mercado de trabalho”.
É evidente que as instituições de
ensino superior não podem esquecer o mercado de trabalho mas não podem ter o “mercado
de trabalho” como único determinante da sua oferta.
Recordo uma entrevista também ao
Público em Janeiro do ano passado de Devon Jensen, professor universitário com
trabalho desenvolvido sobre o papel das universidades, a sua relação com os
governos e o mundo económico e empresarial, que esteve a Lisboa para uma
conferência com a estimulante interrogação como título, Is Higher Education
Merely a Servant of the Economy? .
Da extensa entrevista cuja
leitura na altura recomendei retomo alguns apontamentos.
Em primeiro lugar parece-me de a
importância crucial atribuída ao investimento em formação de nível superior
ainda que em diferentes formatos e extensão. Esta afirmação contraria a lógica
actualmente seguida em Portugal de desinvestimento no ensino superior e
investigação.
Quanto ao entendimento, cito as
várias referências de Pires de Lima ou Nuno Crato, de que a definição da oferta
formativa de ensino superior deve ter como critério quase exclusivamo a “empregabilidade”, Devon Jensen chamava a atenção para a volatilidade e mudança
no mercado de trabalho, bem como para o papel de liderança que as instituições
devem assumir na definição da sua oferta, ou seja e como já tenho referido, o
ensino superior não deve ignorar o marcado de trabalho mas não pode andar “a
reboque” desse mercado que, aliás, muda a uma velocidade enorme.
Existem cursos que apesar de
alguma menor empregabilidade se inscrevem em áreas científicas de que não
podemos prescindir com o fundamento exclusivo no mercado de emprego, existem
sempre áreas ou nichos de formação e investigação que são imprescindíveis num
tecido universitário moderno e que são imprescindíveis ao progresso das
sociedades.
Neste âmbito considero, por
exemplo, a formação e investigação em Ciências Sociais que tão maltratadas têm
sido nos últimos tempos.
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