A propósito de um trabalho no
Público sobre o medo nas crianças lembrei-me de uma conversa que mantive há pouco
tempo com pais de gente ainda miúda, passageiros de creche e jardim-de-infância.
De uma forma geral e apesar das
preocupações que sempre emergem, as falas dos pais dos gaiatos mais pequenos
parecem um pouco mais serenas que as que oiço a pais de gente um pouco mais
velha, adolescentes, por exemplo. Na verdade, por várias razões, os pais dos
adolescentes, parecem, quase sempre, um pouco mais assustados, por assim dizer.
No entanto, esta última conversa
deixou-me algumas inquietações. Vários pais expressaram forte inquietação com os
medos que acham que os seus filhos revelam e, logo de seguida, dos muitos medos
que eles próprios parecem sentir, seja pelos medos dos filhos seja pelos seus
próprios medos.
Costumo dizer que os que de nós,
e somos muitos, lidamos com miúdos e o seu universo, quer como
"amadores", quer como "profissionais, temos a responsabilidade
de manter o optimismo necessário e suficiente para acreditar que somos capazes
de com eles construir um mundo onde caibam os seus, nossos, projectos, apesar
de saber, aprendi há muito, que muitos percorrerão uma estrada difícil, cheia
de curvas e de riscos a que alguns, esperemos que poucos, terão grande
dificuldade em sobreviver sem dificuldades sérias.
Apesar de sentir nas falas
daqueles pais os medos, muitos medos, dos dias de chumbo que vivemos e dos dias que nos esperam, também me
pareceu que não querem mesmo desistir do futuro dos miúdos.
Vão chegar lá, tenho a certeza.
Por nós, pelos nossos filhos,
pelos filhos dos nossos filhos.
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