Fiquei deveras sensibilizado com
a primeira intervenção pública do Sr. Ministro Calvão da Silva. Trata-se de um
novo estilo que deve saudar-se.
Fiquei sensibilizado mas não
surpreendido. Calvão da Silva é um homem de valores, patenteados no parecer em
que atestou a idoneidade de Ricardo Salgado apesar de ter recebido uma “liberalidadezinha”
de 14 milhões do construtor José Guilherme em nome de valores, como “amizade” e “entreajuda”.
Na verdade, ao visitar a região
do Algarve atingida pelas chuvas torrenciais de ontem que causaram uma
destruição significativa o Senhor Ministro não prestou declarações de
circunstância que se esperariam, proferiu uma homilia.
O episódio das águas promoveu uma
“lição de vida” às pessoas da região. Elogiou as virtudes da poupança e da
subscrição de seguro, “Quem não tem
seguro, aprende em primeiro lugar que é bom reservar sempre um bocadinho para
no futuro ter seguro”.
As chuvas devastadoras e os seus
efeitos explicam-se segundo Calvão da Silva, “A fúria da Natureza não foi nossa amiga, Deus nem sempre é amigo”. Aos
homens compete-lhes a fé e, vá lá, um segurinho que é muito bom para estas
ocasiões. Mesmo os pobrezinhos podem fazê-lo.
É sensato, é bonito e as seguradoras agradecem o
desinteressado conselho do Senhor Ministro.
Referindo-se ao cidadão que
morreu arrastado pelas águas o Senhor Ministro considera que, “Ele, que era um homem de apelido Viana,
entregou-se a Deus e Deus com certeza que lhe reserva um lugar adequado.”
Notável e reconfortante a
intervenção do Senhor Ministro, um manifesto sinal de grandeza. Assim ... sim.
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