segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A HOMILIA

Fiquei deveras sensibilizado com a primeira intervenção pública do Sr. Ministro Calvão da Silva. Trata-se de um novo estilo que deve saudar-se.
Fiquei sensibilizado mas não surpreendido. Calvão da Silva é um homem de valores, patenteados no parecer em que atestou a idoneidade de Ricardo Salgado apesar de ter recebido uma “liberalidadezinha” de 14 milhões do construtor José Guilherme em nome de valores, como “amizade” e “entreajuda”.
Na verdade, ao visitar a região do Algarve atingida pelas chuvas torrenciais de ontem que causaram uma destruição significativa o Senhor Ministro não prestou declarações de circunstância que se esperariam, proferiu uma homilia.
O episódio das águas promoveu uma “lição de vida” às pessoas da região. Elogiou as virtudes da poupança e da subscrição de seguro, “Quem não tem seguro, aprende em primeiro lugar que é bom reservar sempre um bocadinho para no futuro ter seguro”.
As chuvas devastadoras e os seus efeitos explicam-se segundo Calvão da Silva, “A fúria da Natureza não foi nossa amiga, Deus nem sempre é amigo”. Aos homens compete-lhes a fé e, vá lá, um segurinho que é muito bom para estas ocasiões. Mesmo os pobrezinhos podem fazê-lo.
É sensato, é bonito e as seguradoras agradecem o desinteressado conselho do Senhor Ministro.
Referindo-se ao cidadão que morreu arrastado pelas águas o Senhor Ministro considera que, “Ele, que era um homem de apelido Viana, entregou-se a Deus e Deus com certeza que lhe reserva um lugar adequado.”
Notável e reconfortante a intervenção do Senhor Ministro, um manifesto sinal de grandeza. Assim ... sim.

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