Conheci uma vez um rapaz chamado
Quase Perfeito. Ansiosamente desejado e esperado pelos pais, desde muito
pequeno o acharam Quase Perfeito. Não fora uns pequenos pormenores, por vezes
chorar a destempo, perturbando a noite dos pais ou não gostar muito de se rir
para estranhos, por exemplo, e seria mesmo perfeito.
Ao entrar na escola, o Quase
Perfeito foi extraordinariamente pressionado para a obtenção de bons
resultados. Foi sempre bom aluno, mas os pais entendiam que se podia esforçar
mais pois era Quase Perfeito. Tudo o que lhe era pedido, por quem quer que
fosse, tinha que ser realizado de forma excelente.
O Quase Perfeito, aos poucos,
começou a sentir dificuldades para lidar com a exigência. Ele até sabia que era
Quase Perfeito, mas os pais esperavam melhor, sempre melhor. Na adolescência
ficou ainda mais aflito porque o seu projecto de vida não correspondia ao que
os pais tinham pensado, decidido, para ele.
Tentou esforçar-se, afinal era
Quase Perfeito, mas não conseguiu cumprir o destino que lhe estava traçado e
desistiu.
Pouco depois dos vinte, partiu,
foi para longe onde ninguém o conhecia e até mudou de nome, passou a chamar-se
Agora Sou Eu.
Os seus pais tiveram um quase Filho.
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