A Fenprof manifesta a sua
preocupação com os custos da sinistra PACC que durante esta semana conhece uma
nova etapa, a parte específica do exame. Não considero que seja particularmente
relevante o custo, em euros, deste pulverizado dispositivo de avaliação dos
professores, aliás, um pouco mais e teríamos uma escola, uma prova, um
examinador, uma vítima. Não é por acaso, evidentemente.
Estou bastante mais preocupado
com os custos não tangíveis desta encenação de mau gosto da responsabilidade de
Nuno Crato ainda que a ideia da sinistra PACC não tenha sido sua. Ao que
parece, os autores estarão arrependidos e quando chegarem ao Governo prometem
mudanças. Bem podem estar, a coisa é mesmo
má.
Na verdade, o impacto no clima das
escolas, o impacto na vida de muita gente que já exerce a profissão de
professor com avaliação bem sucedida, o impacto na imagem dos professores, a
humilhação desnecessária e insustentável, entre outros aspectos, têm custos
dificilmente calculáveis, mas certamente mais significativos que os euros
gastos nesta fantochada.
No entanto, como jogada política, no seu
nível mais enviesado não é mal lembrado.
Os professores, sempre esse bando
de contestatários e incompetentes, aparecem com resistentes à avaliação,
incompetentes que nem escrever sabem, inimigos do rigor e da excelência que só
os exames promovem, ou seja, são os inimigos da educação.
De fininho, como diz o meu amigo
Cajó, talvez se note menos a catastrófica situação do arranque do ano lectivo,
o despedimento brutal de professores não porque não sejam necessários mas
porque é preciso cortar.
Também se notará menos, achará
Nuno Crato e o seu inner circle, a falta de funcionários, o número de alunos
por turmas que em algumas escolas dificultará o sucesso do trabalho de alunos e
professores, a falta de dispositivos de apoio às dificuldades, a instituição de
uma examocracia que transforma o ensino na preparação para exames assente num
modelo burocratizado, excessivo e inoperacional de metas curriculares.
Também se notará menos a amargura
porque passam os alunos com necessidades educativas especiais, as suas famílias,
técnicos e professores.
Também se notará menos o desinvestimento
brutal na educação e escola pública, a ameaça à já insuficiente autonomia das
escolas.
Também se notará menos o caminho
de municipalização e o envolvimento dos interesses privados.
Também se notará menos o desânimo
em que boa parte da classe docente parece viver.
Também se notará menos o número
de alunos que está a ser empurrados para vias alternativas, impostas
precocemente com oferta diminuta e desajustada mas que tornam as estatísticas
do sucesso mais simpáticas.
Também se notará menos o brutal
ataque à investigação científica e o desinvestimento no ensino superior.
Também se notará menos ...
Os CDT, os Culpados Disto Tudo
são ... claro, os professores.
Não Senhor Ministro, a história
não o absolverá, por mais que Guilherme Valente, Ramiro Marques, José Manuel
Fernandes, entre outros, o beatifiquem.
2 comentários:
Os professores são o melhor do ensino em Portugal,sem qualquer duvida...
apesar do MEC.
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