"Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 nos exames preocupa professores e alunos"
Enquanto a questão não estiver definitivamente encerrada retomo, e retomarei, a minha breve e não técnica reflexão sobre o que me parece estar em causa e expresso teimosamente o meu profundo desacordo com o Acordo, um crime contra a Língua Portuguesa que deveria envergonhar quem o subscreveu. Embora já o tenha feito várias vezes, entendo que a defesa da Língua Portuguesa, nas suas importantes variações, o justifica.
Do que tenho lido e ouvido, nada
me tem convencido da sua bondade ou necessidade. Entendo que as línguas são
estruturas vivas, em mutação e isso é importante. Neste cenário, é clara a
necessidade de ajustamentos, por exemplo, a introdução de palavras novas ou
mudanças na grafia de outras o que não me parece sustentação suficiente para o
que o Acordo Ortográfico estabelece como norma. Já estou cansado do argumento
da “pharmácia” quando se pode verificar que em todos os países, e são muitos,
em que o termo tem a mesma raiz, a grafia é com “ph” e nada de muito grave
acontece. A introdução ou mudança na grafia tem acontecido em todas as
latitudes e não tem sido necessário um Acordo com os conteúdos bizarros,
alguns, que este contém.
Por outro lado, a grande razão, a
afirmação da língua portuguesa no mundo, também não me convence pois não me
parece que o inglês e o castelhano que têm algumas diferenças ortográficas nos
diferentes países em que são língua oficial, experimentem particulares
dificuldades na sua afirmação, seja lá isso o que for. De facto, não tenho
conhecimento de alguma perturbação ou drama com origem nas diferenças entre o
inglês escrito e falado na Inglaterra ou nos Estados Unidos, mas isto
dever-se-á, certamente, a ignorância minha e à pequenez irrelevante daquelas
comunidades anglófonas. O mesmo se passa entre a comunidade dos países com o
castelhano como língua oficial.
Por outro lado, a opinião dos
especialistas não é consensual, longe disso, temos regularmente exemplos disso
mesmo, e eu sou dos que entendem que em todas as matérias é importante conhecer
a opinião de quem sabe. Aliás, é interessante analisar a natureza da
argumentação dos especialistas favoráveis ao Acordo. Algumas vezes assenta,
sobretudo, no porque sim, porque é novo. É pobre.
Neste quadro e como sou teimoso
vou continuar a escrever em desacordo até que o teclado me corrija. Nessa
altura desinstalo o corrector que venha com o acordo e vou correr o risco de
regressar à primária, ou seja, ver os meus textos com riscos vermelhos por
baixo de algumas palavras, os erros.
Não é grave, errar é humano.
No entanto, como toda gente, não
gosto de errar, pelo que preferia continuar a escrever desacordadamente.
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