Por esta altura desencadeia-se inevitavelmente um fenómeno
migratórío que atinge um grupo social extremamente importante e organizado por
camadas etárias. Estou a falar dos finalistas.
Assim que me lembre e tanto quanto consigo acompanhar, temos
finalistas da educação pré-escolar, os finalistas do ensino básico, no 9º ano,
os finalistas do ensino secundário, os finalistas do 1º ciclo do
ensino superior, a licenciatura inventada pela bolonhesa ideia e os finalistas
do 2º ciclo do ensino superior, os que abandonam o superior após cinco anos de
estadia.
Os finalistas transformaram-se num nicho de mercado
apetecível e rentável. Realizam-se festas e viagens de finalistas em todas as
faixas etárias, iniciativas que as instituições acarinham e às quais os pais
não sabem como resistir, é o espírito da escola, o convívio, a juventude, o
divertimento, etc. etc. Provavelmente, devido ao mundo de dificuldades que
atravessamos, o mercado pode estar a sofrer alguma retracção.
A migração, sobretudo no que respeita aos alunos do
secundário, está a ocorrer sob vigilância das autoridades e com a preocupação
dos pais face à experiência iniciática e aos riscos decorrentes dos excessos nos
consumos e na adrenalina. São conhecidas situações muito sérias com
consequências graves e experiências radicais como “balconing”, salto do quarto de hotel para a piscina.
Quero sublinhar que esta reflexão não tem qualquer intenção
moralista e também gostava de dizer que o meu filho fez parte, provavelmente,
das primeiras gerações de estudantes do secundário que rumaram a Lloret de Mar,
já lá vão uns anos.
A oferta nas estânciasbalneares olha para este nicho de
mercado, os estudantes portugueses, como uma fonte extremamente significativa
de receitas em época baixa no turismo com destino praia. Nesse sentido, de
forma mais ou menos explícita, toda a estrutura, hotelaria, restauração,
divertimento nocturno ou lazer, esmeram-se no sentido de criar a apetência por
uma “histérica” e desregulada “desbunda” cheia de pica e adrenalina, o famoso
espírito de Lloret, dos vários “Llorets” que o mercado vai gerando. No espírito
de Lloret tudo cabe, os jovens soltam-se e apesar de causarem uns
"estragos", uns distúrbios e alguns excessos, no final das contas, a
operação compensa, aliás, segundo a opinião expressa dos empresários locais, os
ingleses são piores, claro, nada de novo somos gente de bem, não criamos problemas
e deixamos os apetecidos euros.
Talvez fosse interessante perceber como é feita a
fiscalização da oferta nestas paragens, por exemplo das campanhas indutoras do
consumo de álcool.
Para não variar, isto é conversa de velho, a malta precisa
de se divertir, depois de de dois períodos de árduo estudo e antes da dura
recta final dos exames.
Para o ano há mais.
Entretanto divirtam-se.
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