domingo, 22 de março de 2015

OS FINALISTAS, UM ESPÍRITO, UM NICHO DE MERCADO

Por esta altura desencadeia-se inevitavelmente um fenómeno migratórío que atinge um grupo social extremamente importante e organizado por camadas etárias. Estou a falar dos finalistas.
Assim que me lembre e tanto quanto consigo acompanhar, temos finalistas da educação pré-escolar, os finalistas do ensino básico, no 9º ano, os finalistas do ensino secundário, os finalistas do 1º ciclo do ensino superior, a licenciatura inventada pela bolonhesa ideia e os finalistas do 2º ciclo do ensino superior, os que abandonam o superior após cinco anos de estadia.
Os finalistas transformaram-se num nicho de mercado apetecível e rentável. Realizam-se festas e viagens de finalistas em todas as faixas etárias, iniciativas que as instituições acarinham e às quais os pais não sabem como resistir, é o espírito da escola, o convívio, a juventude, o divertimento, etc. etc. Provavelmente, devido ao mundo de dificuldades que atravessamos, o mercado pode estar a sofrer alguma retracção.
A migração, sobretudo no que respeita aos alunos do secundário, está a ocorrer sob vigilância das autoridades e com a preocupação dos pais face à experiência iniciática e aos riscos decorrentes dos excessos nos consumos e na adrenalina. São conhecidas situações muito sérias com consequências graves e experiências radicais como  “balconing”, salto do quarto de hotel para a piscina.
Quero sublinhar que esta reflexão não tem qualquer intenção moralista e também gostava de dizer que o meu filho fez parte, provavelmente, das primeiras gerações de estudantes do secundário que rumaram a Lloret de Mar, já lá vão uns anos.
A oferta nas estânciasbalneares olha para este nicho de mercado, os estudantes portugueses, como uma fonte extremamente significativa de receitas em época baixa no turismo com destino praia. Nesse sentido, de forma mais ou menos explícita, toda a estrutura, hotelaria, restauração, divertimento nocturno ou lazer, esmeram-se no sentido de criar a apetência por uma “histérica” e desregulada “desbunda” cheia de pica e adrenalina, o famoso espírito de Lloret, dos vários “Llorets” que o mercado vai gerando. No espírito de Lloret tudo cabe, os jovens soltam-se e apesar de causarem uns "estragos", uns distúrbios e alguns excessos, no final das contas, a operação compensa, aliás, segundo a opinião expressa dos empresários locais, os ingleses são piores, claro, nada de novo somos gente de bem, não criamos problemas e deixamos os apetecidos euros.
Talvez fosse interessante perceber como é feita a fiscalização da oferta nestas paragens, por exemplo das campanhas indutoras do consumo de álcool.
Para não variar, isto é conversa de velho, a malta precisa de se divertir, depois de de dois períodos de árduo estudo e antes da dura recta final dos exames.
Para o ano há mais.

Entretanto divirtam-se.

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