quarta-feira, 25 de março de 2015

O MEU AMIGO ZÉ TANGAS

Creio que ainda não vos falei do meu amigo Zé Tangas. Tenho para mim que todos nós tivemos um amigo Zé Tangas. Pois o meu, era um dos companheiros da adolescência.
Era um cromo o Zé Tangas. Não havia problema que ele não afirmasse resolver, alguém que ele não afirmasse conhecer ou algo que lhe fosse impossível realizar, só queria ser útil, a forma que sentia como caminho para estar com a gente.
É claro que nós aproveitávamos as fragilidades do infeliz Zé Tangas para o pôr a realizar as tarefas chatas do grupo. Naturalmente que o Zé Tangas na ânsia de comprar o afecto do grupo se dispunha e propunha a fazer de tudo para estar nas boas graças do pessoal.
Ainda hoje existem muitos putos assim que, perdidos, sós, procuram desesperadamente comprar o afecto de um grupo que os acolha e proteja. Para isso, por vezes, até se dispõem a trabalho sujo, com base na ideia de que os fins justificam os meios. O grupo, os mais importantes do grupo, safam-se sempre das histórias e o Zé Tangas, os Zé Tangas, acabam sempre entalados e a apanhar com as consequências.
Por isso, dão tanto jeito aos grupos.

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