domingo, 8 de março de 2015

ENSINO SUPERIOR DE SEGUNDA? ERA BOM QUE NÃO.

"Estigma sobre a qualidade dificulta emprego dos diplomados dos politécnicos"

"Politécnicos em dificuldades apostam em mudar regras de acesso ao superior"

Ao que se lê no Público, de acordo com alguns  especialistas, os cursos dos Institutos Politécnicos são percepcionados como um ensino superior de "segunda por famílias, alunos e empregadores. Tal entendimento ajuda a explicar a maior taxa de desemprego entre pessoas formadas nos politécnicos e pessoas formadas nas universidades, conforme os dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional sustentam.
Neste cenário, a recentemente conhecida proposta do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos de introduzir  alterações, baixar o peso dos exames nacionais, no acesso ao ensino politécnico e apenas neste sistema, parece ser um tiro no pé, correndo o risco de acentuar essa percepção de "segunda", ou seja, muito provavelmente, os alunos com notas mais baixas nos exames nacionais sentir-se-ão "empurrados" para os Institutos Politécnicos e os "melhores" para o ensino universitário.
Não será por acaso que os quatro maiores Institutos Politécnicos, os de Lisboa, Porto, Coimbra e Leiria se opuseram à proposta do Conselho tendo os três primeiros procedido à sua desvinculação do Conselho.
A argumentação de que os dois sistemas, politécnico e universitário, devem ser diferenciados e que o sistema de acesso ao ensino superior deve ser alterado parece-me razoável, defendo-o há muito como aqui já escrevi.
No entanto, introduzir a diferenciação por esta via é um passo na direcção errada, um tiro no pé apenas justificado pelo desespero da procura de público para os Institutos mais ameaçados por falta de alunos.
Creio que o risco de ter um efeito "boomerang" com uma medida desta natureza é por demais elevado.

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