terça-feira, 17 de março de 2015

VEMOS, OUVIMOS E LEMOS

A rotina de diariamente ler os jornais e assistir, quando a lida permite, a um noticiário televisivo deixa-me frequentemente num estado ambivalente.
Por uma lado, sinto-me "obrigado" a saber o que se passa, por outro lado, inquieta-me que, acontecendo as coisas como acontecem, com consequências negativas para muitos de nós, pareça ser tão difícil retirar efeito de aprendizagem e amanhã, no dia depois de amanhã e no dia depois do dia depois de amanhã, vamos, de novo ler as mesmas notícias, com as mesmas consequências, os mesmos protagonistas, numa estranha forma de habituação acomodada.
Entretanto, lembrei-me da Cantata da Paz, da Sophia de Melo Breyner, “Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar”.
Mas, como sabem, os poetas não sabem das coisas da vida, são uns fingidores. Nós, vemos, ouvimos e lemos e sempre, sempre, vamos ignorar.


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