"Câmaras garantem que “municipalização” das escolas não visa fazer da educação “um negócio”"
Alguns autarcas envolvidos na
primeira fase de municipalização das escolas vêm afirmar que este processo não
visa transformar a educação num negócio.
A afirmação deste princípio
fica-lhes muito bem mas não altera nada do que está em causa e que é inquietante.
Em termos telegráficos e recuperando
notas
. As experiências internacionais
em processos desta natureza sugerem uma enorme prudência, os resultados estão
longe de ser satisfatórios e em alguns países assiste-se a um recuo neste
movimento.
. As experiências de relação entre
autarquias e escolas em Portugal oferecem variadíssimos exemplos de
interferência dos interesses políticos e poderes locais. São conhecidos muitos
casos envolvendo os Conselhos Gerais e as direcções de escolas e agrupamentos.
O controlo das escolas é uma enorme tentação. Podemos ainda recordar as práticas de muitas autarquias na contratação de pessoal, valorizando as fidelidades ajustadas e a gestão dos interesses do poder.
. Não tendo as escolas e agrupamentos, bem como as autarquias, recursos suficientes, temos muitos exemplos de contratação de técnicos e de serviços em condições e com pagamentos deploráveis.
. Não tendo as escolas e agrupamentos, bem como as autarquias, recursos suficientes, temos muitos exemplos de contratação de técnicos e de serviços em condições e com pagamentos deploráveis.
. O imprescindível reforço da
autonomia das escolas e agrupamentos não depende da municipalização. Confundir autonomia com municipalização é criar
um equívoco perigoso.
. A privatização da educação está
a fazer o seu caminho, o Ministro ainda ontem afirmou que a qualidade não é compatível
com um sistema educativo dependente do Estado. O envolvimento das autarquias
neste processo pode passar, por exemplo, pelo agenciar da contratualização de
serviços prestados por privados, já se verifica nas AECs e nos apoios
educativos. Quando e se as autarquias assumirem a competência de contratar e gerir os docentes em que se inclui um anunciado prémio de gestão por poupança de recursos, a cooisa vai ainda fiar mais fino como diz o povo.
As afirmações dos autarcas são,
fundamentalmente, retórica e uma cortina de fumo que não aquietam em nada a
enorme preocupação que tudo isto causa. Aliás, sempre que o Ministro Nuno Crato fala destas matérias a preocupação avoluma-se.
2 comentários:
Não há escolas públicas ou privadas. Há boas e más escolas. Para os pais e alunos é assim. depois para quem quer fazer politica com a educação a coisa já não é bem assim. Pergunte ao Nogueira que ele explica.
Caro Luís, claro que exstem boas e más escolas, públicas ou privadas. A questão é que alguns pais e alguns alunos terãoalguma dificiculdad em aceder a essas boas escolas (mesmo emalgumas públicas). Certamente também concorda que qualquer área de actividade das nossas sociedades são objecto de visões políticas diferentes,é a democracia a funcionar. Quanto à referência ao Nogueira, nao preciso de nenhuma explicação, muito anos de experiência bastante estudo nestas áreas, a arrogância de achar que sou capaz de pensar, e uma posição de abstencionista crónico a que a partidocracia me obrigou deixam-me à vontade. O que penso sobre estas matérias pode, deve, ser objecto de discussão mas sem preconceito e com conselhos que me parecem pouco úteis.
Enviar um comentário