Na política de cortes orçamentais, custe o que
custar, também o Ensino Superior público, universitário e politécnico, está e
vai enfrentar dificuldades de funcionamento e sustentação financeira conforme
têm recorrentemente referido o Conselho de Reitores das Universidades
Portuguesas e o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos.
A questão é complexa e envolve múltiplas
variáveis de natureza económica, política, científica, cultural e social, ou
seja, as áreas em que se inscreve a missão do ensino superior, havendo ainda
que considerar todo o subsistema de ensino superior privado.
No entanto, como repetidamente tenho afirmado uma
das questões que mais influencia este universo é o sobredimensionamento da
rede, quer pública, quer privada.
Em relatório recente da Agência de Avaliação e
Acreditação do Ensino Superior (A3ES), considerando dados de 2011, verifica-se
uma taxa de 69.79% de preenchimento de vagas e da análise a 71 áreas de estudo
conclui-se que em 80% existe excesso de oferta. O Relatório da A3ES,
encomendado pelo Conselho de Reitores, aponta a óbvia necessidade de
racionalização da rede.
Este ano, na primeira fase de candidatura cujos
resultados agora se conheceram, temos que para cerca de 1090 cursos no ensino
superior, 66 não receberam qualquer aluno nesta 1ª fase e 48 receberam apenas
um novo estudante. No total, existem 30% dos cursos com dez ou menos candidatos
colocados. Os dados acabam também por evidenciar o desajustamento da rede.
De há muito que defendo este entendimento. Na
verdade, o ensino superior em Portugal tem como questão estrutural o
sobredimensionamento da rede de ensino superior em Portugal. Há algum tempo, o
Professor António Nóvoa, reitor da U. de Lisboa, afirmava, "Portugal não
deveria termais do que sete ou oito universidades públicas. E estou a ser
benevolente" afirmou.
O problema é que o ensino superior em Portugal é,
como muitíssimas outras áreas, vítima de equívocos e de decisões políticas nem
sempre claras. Uma das grandes dificuldades que enfrenta prende-se com a
demissão durante muito tempo de uma função reguladora da tutela que, sem ferir
a autonomia universitária, deveria ter impedido o completo enviesamento da
oferta, pública e privada, que se verifica. Esta demissão é, aliás, afirmada no
relatório da A3ES.
A pressão vinda da procura e a incapacidade de
resposta do sistema instalado, associada à demissão da tutela da sua função
reguladora, promoveu o crescimento exponencial do ensino superior com situações
que, frequentemente, parecem incompreensíveis à luz de um mínimo de
racionalidade e qualidade. Portugal contará, segundo a informação disponível,
com cerca de 160 instituições de ensino superior e como indicador relativo pode
referir-se um rácio de 14,7 estabelecimentos por milhão de habitantes, enquanto
a Espanha apresenta 7,4, um dado extraordinário.
Nesta matéria, a qualidade e o redimensionamento
da rede, espera-se que o processo de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior
se revele um forte incentivo, seja eficaz e não desenvolvido de uma forma cega.
Existem cursos que apesar de alguma menor
empregabilidade se inscrevem em áreas científicas de que não podemos prescindir
com o fundamento exclusivo no mercado de emprego, existem sempre áreas ou
nichos de investigação que são imprescindíveis num tecido universitário
moderno. Será também importante que o processo permita desenvolver e incentive
modelos de cooperação, universitário e politécnico, público e privado, que
potencie sinergias, investimentos e massa crítica, de que o processo de fusão entre
a Clássica de Lisboa e a Técnica pode constituir um exemplo que se deseja de
sucesso.
O enviesamento da oferta de que acima falava,
alimenta a formação em áreas menos necessárias e não promove a formação em
áreas carenciadas. Tal facto, conjugado com o baixo nível de desenvolvimento do
país e com uma opinião publicada pouco cuidadosa na informação, leva a que se
tenha instalado o equívoco dos licenciados a mais e destinados ao desemprego,
quando continuamos a ser um dos países da UE com menos licenciados, já o disse
aqui muitas vezes.
8 comentários:
Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.
Segundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.
Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.
Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o n.º de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%.
Não obstante, ser sabido que o n.º de alunos no ensino superior politécnico há muito que tem vindo a decrescer…
A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.
Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.
Enfim, é a FOLGOZA.
No dia 24 Maio de 2013 o Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, inaugurou as instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, que ministra Doutoramentos.
Não podia, mas passou a poder ministrar Doutoramentos em parceria com Universidades. Nos idos de 2005, em que as instalações ora inauguradas estavam orçadas em cerca de 6,4 milhões de euros, o Doutoramento em Metodologia de Investigação no Desporto e no Exercício, em pareceria com a Universidade de Leida. Agora, quando têm manifesta dificuldade em explicitar o custo da obra, o Doutoramento em Ciências do Desporto, em parceria com a Universidade da Madeira.
De estarrecer um penhasco o custo de 13,5 milhões de euros da obra, anunciado na sua inauguração. Quando, no ano de 2011, aquando da posse da Directora desta Escola, sua Subdirectora desde 2006, esta obra já ascendia a 18 milhões de euros.
http://www.oribatejo.pt/15-anos-depois-a-escola-de-desporto-de-rio-maior-chegou-a-casa-videos/
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=6382e7ef-a6b4-40e8-90fb-2d05e4de0a32
http://www.youtube.com/watch?v=_epZTM5R1Io
http://www.publico.pt/educacao/noticia/rio-maior-concurso-para-construir-escola-superior-de-desporto-vai-ser-lancado-1218539
http://www.oribatejo.pt/esdrm-com-doutoramento-em-ciencias-do-desporto/
http://www.esdrm.pt/Ensino/Doutoramento/CD/Index.html
http://videos.sapo.ao/Z8RBcTU8gvd36nQeTpMf
http://noticiasdoribatejo.blogs.sapo.pt/1250528.html
http://semanal.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=587&id=75308&idSeccao=8151&Action=noticia
Nos Ciclos de Estudos Autorizados, constantes do site da DGES, não só não consta o Doutoramento em Ciências do Desporto da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira - anunciado no site desta Escola, em página actualizada em 30.1.2013 - como também não consta nenhum Doutoramento em parceria com Politécnicos. Apenas constando: - Doutoramentos em parcerias entre Universidades.
Acresce que o próprio Doutoramento em Ciências de Desporto, de Universidade da Madeira, mencionado no n.º 67 dessa listagem da DGES, porque não acreditado devia ter sido descontinuado…
Se no motor de busca pesquisarem:
Anexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira
Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, atentos os “vice-versas” em voga no ensino superior público português, concluir até que lhes é muito mais fácil ministrarem um Doutoramento do que uma Licenciatura.
O entusiasmo, orgulho e apoio que a Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, suscita ao Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, é partilhado por sucessivos titulares do Ministério com a Tutela do Ensino Superior, nomeadamente, pela Sr.ª Prof.ª Maria da Graça Carvalho, titular da pasta do Ensino Superior nos XV e XVI Governos Constitucionais, como resulta da vibrante intervenção da mesma Senhora, no dia 24 de Maio de 2013, na inauguração das instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior:
http://www.gracacarvalho.eu/xms/files/ACTIVIDADE_EM_PORTUGAL/OUTRAS_ACTIVIDADES/2013/5_24-05-2013_IP_Santarem/Speech_final_site.pdf
No Distrito de Santarém coexistem 2 Institutos Politécnicos - o de Santarém e o de Tomar.
Segundo os dados divulgados pela DGES, reportados a 31/12/2009, INDEZ2009, o Instituto Politécnico de Santarém, com 318 docentes, tem mais docentes do que a Universidade da Madeira. Inversa é a qualificação académica dos copos docentes, registando o Instituto Politécnico da Santarém 57 doutorados e a Universidade da Madeira, com 222 docentes, 131 doutorados.
A remuneração auferida, em 2009, pelos funcionários (docentes e não docentes), remunerados pelo Orçamento de Estado, na Universidade da Madeira foi de 10,3 milhões de euros e no Instituto Politécnico de Santarém de 11,2 milhões de euros.
Padrão idêntico de funcionamento regista o Instituto Politécnico de Tomar que, com 248 docentes, averba 37 doutorados e em que a remuneração auferida, em 2009, pelos funcionários foi de 10,6 milhões de euros.
Em suma, no Distrito de Santarém o ensino superior politécnico público, em 31/12/2009, somava 566 docentes dos quais 94 doutorados, e dispendeu do Orçamento de Estado, no ano de 2009, com remunerações a funcionários, 21,8 milhões de euros.
Ou seja, em 2009, no Distrito de Santarém com 2 Institutos Politécnicos o Orçamento de Estado em remunerações a funcionários despendeu mais do que despenderia com DUAS Universidades equivalentes à Universidade da Madeira…
Ou, dito ainda de outro modo, quase tanto quanto os 28,4 milhões de euros gastos, em 2009, do Orçamento de Estado com remunerações a funcionários pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que em 31/12/2009 registava 530 docentes - dos quais 350 doutorados.
O índice de (in)satisfação da procura no acesso ao ensino superior, que afere o rácio entre o número de preferências em 1ª opção e o número de vagas disponíveis, em 2000 e 2009 decaiu no Instituto Politécnico da Santarém de 0,82 para 0,46, e no Instituto Politécnico de Tomar de 0,92 para 0,29 (Tabela 43, página 73, “DEZ ANOS DE ENSINO SUPERIOR: 2000-2009”, DGES, Junho de 2010).
Em 2011, o resultado da 1.ª fase de candidatura ao ensino superior nos Institutos Politécnicos de Santarém e de Tomar não foi propriamente uma surpresa: 25 cursos tiveram menos de 10 alunos.
Nem mesmo que 2 cursos tenham tido 0 alunos; 1 curso, 1 aluno; 9 cursos 2 alunos…
Nem ainda que 75 por cento das vagas, nesta 1ª fase, tenham ficado por preencher no Instituto Politécnico de Tomar.
Aliás, em 2010, nesta mesma 1.ª fase, estes dois Institutos Politécnicos tiveram 4 cursos com 0 candidatos, 3 cursos com 1 candidato, 4 cursos com 2 candidatos, 3 cursos com 3 candidatos, 5 cursos com 4 candidatos, 2 cursos com 5 candidatos, 1 curso com 6 candidatos, 4 cursos com 7 candidatos e 2 cursos com 9 candidatos. O que perfaz 28 cursos (em regime diurno e pós-laboral) com menos de 10 candidatos.
Não surpreendeu pois a posição adoptada pelo Presidente do Instituto Politécnico de Tomar, Sr. Prof. Eugénio de Almeida, “…que a ligeira redução do número de alunos não coloca em causa o funcionamento da instituição, nem sequer nos deixa desconfortáveis.” (O Ribatejo, edição de 22/9/2011, artigo “Instituto Politécnico de Tomar 500 vagas ficaram por preencher”, p. 5).
Quando a oferta educativa do ensino superior politécnico público se traduz em licenciaturas, mestrados e doutoramentos, a distinção entre o ensino politécnico e o universitário radica na qualificação académica dos respectivos copos docentes, qualificação esta que necessariamente se reflecte no conhecimento produzido, transmitido e difundido pelas instituições de ensino superior a que esses corpos dão suporte, surpreende de alguma forma que o Ministro da Educação, Sr. Prof. Nuno Crato, esteja a asfixiar financeiramente Universidades públicas de referência, como as de Lisboa e de Coimbra, para manter o ensino superior politécnico público que não se qualificou academicamente e cuja procura é cada vez mais reduzida.
Opção deste Governo. Aliás, já intuída com a inauguração, em 24/5/2013, pelo Sr. Ministro da Educação das instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior.
E o que dizer das despesas do ensino superior politécnico público tais como, a celebração do aniversário de uma Escola, integrada no Instituto Politécnico de Santarém, com um cruzeiro na barragem do Castelo do Bode, com almoço a bordo e transferes em autocarro ao cais de embarque, para docentes, funcionários e convidados, noticiada pelo jornal “O Mirante”, na sua edição de 18.12.2008, pág. 33, em artigo intitulado “Aniversário da Escola de Gestão celebrado em tom de discórdia”, e pelo Diário de Notícias, na sua edição de 19.12.2008, pág.13, em artigo intitulado “Um passeio à conta dos contribuintes”.
Despesas estas, que não suscitaram um reparo por banda dos órgãos do Estado.
Para os que, como eu, atribuem valor ao simbólico, a subsequente nomeação da Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico, pelo Sr. Presidente da República, para a Comissão de Honra das Comemorações do 10 de Junho de 2009, na Cidade de Santarém, teve um significado político. Ademais, conforme noticiado, a Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico também desfrutou deste cruzeiro idílico…
Diz a sabedoria popular que “ o Diabo está nos pormenores…”, e eu concordo!
3 Questões a colocar ao Ministro da Educação, Sr. Prof. Nuno Crato.
1.ª Questão:
Do INDEZ 2010 há, pelo menos, três versões:
A) A versão do INDEZ2010 datada de Setembro de 2011, para a qual aliás, expressamente, remete o esclarecimento de 20 de Setembro de 2011 do Reitor da Universidade de Lisboa, Sr. Prof. Sampaio da Nóvoa, sobre os concursos desta Universidade; publicado na News n.º 23; Setembro/Outubro de 2011.
http://news.fm.ul.pt/Content.aspx?tabid=76&mid=517&cid=1629
B) A versão do INDEZ 2010 datada de Outubro de 2011.
http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/896E77DB-6B33-4C44-A42C-72CDB3D71B8F/5817/EstudoINDEZ2010V13.pdf
C) E a versão do INDEZ 2010 datada de Fevereiro de 2012.
http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/896E77DB-6B33-4C44-A42C-72CDB3D71B8F/5922/Relat%C3%B3rioINDEZ2010comUnidOrganicas.pdf
- Assim sendo, porque é que no site da Direcção-Geral do Ensino Superior deixou de constar a versão do INDEZ2010 datada de Setembro 2011, nele apenas constando a versão datada de Outubro de 2011, e a versão datada de Fevereiro de 2012 ?
2.ª Questão:
- Atento o enquadramento legal vigente, restritivo de contratações no ensino superior público, como explica o Sr. Ministro que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o número de docentes do ensino superior politécnico público tenha aumentado cerca de 26% ?
3.ª Questão:
- Como justifica que a Direcção-Geral do Ensino Superior não divulgue nem o INDEZ 2011, nem o INDEZ 2012, que reportam dados referentes ao ensino superior público respectivos aos anos de 2011 e de 2012 ?
Os Milagreiros!
A Escola Superior de Desporto de Rio Maior cujo custo, em 23 de Março de 2011, já ascendia a 18 milhões de euros…
Foi inaugurada pelo Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, em 24 Maio de 2013, com um custo anunciado de cerca 13,5 milhões de euros!
Uma tragédia, sem dúvida, para as finanças públicas, ou seja, para nós. Pena é que o ridículo não pague imposto… pelo alívio que dessa cobrança adviria para as famílias portuguesas. As mesmas que fazem as delícias do discurso político deste Governo, sempre predisposto a cortar o poder de compra, e a confundir direitos fundamentais com regalias…
http://videos.sapo.ao/Z8RBcTU8gvd36nQeTpMf
http://semanal.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=587&id=75308&idSeccao=8151&Action=noticia
http://www.youtube.com/watch?v=_epZTM5R1Io
http://www.oribatejo.pt/15-anos-depois-a-escola-de-desporto-de-rio-maior-chegou-a-casa-videos/
Quiçá uma crise não noticiada deste Governo…
No dia 24 Maio de 2013 o Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, inaugurou as instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, que ministra Doutoramentos…
Não podia, mas passou a poder ministrar Doutoramentos em parceria com Universidades.
Uma parceria com uma Universidade permite-lhes ministrar o que a lei não lhes faculta, o Doutoramento…
http://www.oribatejo.pt/esdrm-com-doutoramento-em-ciencias-do-desporto/
http://www.oribatejo.pt/15-anos-depois-a-escola-de-desporto-de-rio-maior-chegou-a-casa-videos/
Nos Ciclos de Estudos Autorizados, constantes do site da DGES, não só não consta o Doutoramento em Ciências do Desporto da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira - anunciado no site desta Escola, em página antes actualizada em 30.1.2013, ora actualizada em 13.9.2013 - como também não consta nenhum Doutoramento em parceria com Politécnicos. Apenas constando: - Doutoramentos em parcerias entre Universidades.
Acresce que o próprio Doutoramento em Ciências de Desporto, de Universidade da Madeira, antes mencionando no n.º 67, ora mencionado no n.º 69 dessa listagem da DGES, porque não acreditado devia ter sido descontinuado…
Se no motor de busca pesquisarem:
Anexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira
Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, atentos os “vice-versas” em voga no ensino superior público, concluir até que lhes é muito mais fácil ministrarem Doutoramentos do que Licenciaturas.
Contudo, esta inauguração quiçá provocou uma crise não noticiada no Governo...
Atento o despacho, de 13 de Fevereiro de 2013, do Sr. Secretário de Estado do Ensino Superior de advertência para o cumprimento da lei, relativamente à ministração dos ciclos de estudo conferentes de grau académico. Despacho este, ao qual a Direcção-Geral do Ensino Superior, em 28 de Fevereiro de 2013, deu cumprimento.
http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/A5D453D1-2F67-4980-9ED1-D5505CA3B27E/6873/Esclarecimento2.pdf
Óbvia a questão que se suscita:
- Depois do Sr. Ministro da Educação, em 24 de Maio de 2013, ter inaugurado a ESDRM do Instituto Politécnico de Santarém, o Secretário de Estado do Ensino Superior que produziu o aludido despacho tinha condições para continuar a exercer funções ?
O certo é que, em Julho de 2013, este Sr. Secretário de Estado do Ensino Superior foi substituído.
PS: Ao Sr. Ministro da Educação falta apenas o que é essencial, a divulgação do conteúdo preciso das autorizações de funcionamento dos Doutoramentos (e dos Mestrados) ministrados no Instituto Politécnico de Santarém…
Brutalidades
Mesmo depois do impacto real da situação ter sido minimizado pelo Sr. Ministro da Educação, com a proibição da abertura de licenciaturas que tinham tido menos de 10 alunos, ainda assim é uma evidência chocante o resultado da 1.ª fase de candidaturas ao ensino superior de 2013, em que 44 % dos cursos, nos Institutos Politécnicos públicos, tiveram menos de 10 alunos, e 54 cursos aluno nenhum !
Este resultado, que de surpreendente nada tem, evidencia à saciedade que entre a racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público e a manutenção de um imenso desperdício de dinheiros públicos, o Governo optou pela manutenção do “status quo”, para manter um ensino superior politécnico público que não se qualificou academicamente e cuja procura é cada vez mais reduzida, ainda que esta opção asfixie (financeiramente, e não só…) as Universidades públicas de referência, como a de Lisboa, a do Porto ou de Coimbra…
Apesar do enquadramento legal vigente, restritivo de contratações no ensino superior público, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o n.º de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%.
Pois bem, surpreendentemente, ou talvez não, já se antevê a contratação de mais docentes para o ensino superior politécnico público! Uma contratação “pontual”, ao que nos dizem, por ora …
O Governo, face ao descalabro, apressou-se a “tirar da manga” uns novos cursos, desta feita denominados Cursos Superiores Especializados (CSE), para serem ministrados nos Institutos Politécnicos.
Pena é que para as Universidades públicas, os recursos sejam cada vez mais minguados, nomeadamente os financeiros, bem como, que tenha havido a insanidade de tentar cercear-lhes o aumento das receitas próprias, como denunciou o Sr. Reitor da Universidade de Coimbra, em 25 de Setembro de 2013, na cerimónia de abertura solene do ano lectivo.
Mas também ninguém disse que os Politécnicos, essas “estruturas flexíveis” que tudo ministram, não são o enino superior de referência da 3.ª República.
Estivesse o Governo tão preocupado com a diminuição dos alunos no ensino superior (leia-se nas Universidades), quanto refere o Sr. Ministro da Educação, e as bolsas de estudo seriam concedidas aos alunos, que delas careçam, independentemente da situação fiscal dos seus progenitores.
Qual a culpa de um aluno carenciado para que, em razão das dividas fiscais dos seus pais, não lhe seja atribuída uma bolsa de estudo?
Será que o Governo não compreende que sem culpa não pode haver punição?
Quanta violência gratuita não encerra esta punição que penaliza o individuo em que a culpa não é do próprio, mas aos seus progenitores?
Mas não, face ao descalabro na procura dos Politécnicos Públicos, a preocupação do Governo é como manter no ensino superior do Regime, estas “estruturas flexíveis” que tudo ministram, Licenciaturas, Mestrados, Doutoramentos…
Entretanto, o Sr. Ministro da Educação pede inquéritos!
Começou pela Direcção-Geral de Estatísticas do Ministério da Educação para que analise a falta de candidaturas ao ensino superior. Como assinalado, é um 1.º inquérito. Quantos mais se lhe seguirão…?
E para quê? Se é sabido que o descalabro na procura foi nos Politécnicos públicos, e não nas Universidades públicas, bem como que a solução do Governo são novos cursos, denominados Cursos Superiores Especializados (CSE), para serem ministrados nos Institutos Politécnicos…
http://www.noticiasaominuto.com/pais/103752/cursos-superiores-de-curta-dura%C3%A7%C3%A3o-v%C3%A3o-abrir-nos-polit%C3%A9cnicos#.UkUbJT8pivk
http://ucv.uc.pt/ucv/media/abertura-solene-das-aulas-20132014-discurso-do-rei?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+UCV+%28UCV%29
http://economico.sapo.pt/noticias/ministro-quer-investigacao-a-falta-de-candidatos-ao-ensino-superior_178101.html
PS: Bom seria que o Sr. Ministro explicasse porque é que a DGES não divulga nem o INDEZ 2011, nem o INDEZ 2012, que reportam dados referentes ao ensino superior público relativos aos anos de 2011 e de 2012
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