O Público refere hoje a intenção do Professor Pinto do Amaral, comissário do Plano Nacional de Leitura, de, apesar das restrições de meios, estabilizar os resultados positivos conseguidos, alargar a intervenção junto de alunos de anos de escolaridade mais elevados e, naturalmente, de privilegiar aprendizagem da leitura.
O Plano Nacional de Leitura tem obtido alguns resultados interessantes, designadamente, no aumento da importância atribuída pelos jovens à leitura, o que, naturalmente merece registo.
Do meu ponto de vista, afirmo-o com frequência, uma das questões contributivas para as dificuldades em matéria de língua portuguesa prende-se com o pouco tempo que lhe é dedicado, embora a partir deste ano a situação se atenue. Por outro lado, os estudos continuam a evidenciar hábitos de leitura insuficientes entre os mais novos, lêem pouco, o que acentua as dificuldades. De facto, independentemente das questões relacionadas com as metodologias dos professores, das suas opções e competências na didáctica da Língua portuguesa, certamente passíveis de melhorar através de formação consistente, a grande questão parece simples de enunciar, as crianças, de uma forma geral, lêem pouco. Podemos aduzir uma série de razões para que isto aconteça, questões que decorrem da concorrência da actividade de leitura com outras actividades percebidas aos olhos dos miúdos como mais apelativas, poucos hábitos de leitura no ambiente familiar, uma equívoco instalado há alguns anos nas concepções sobre práticas pedagógicas que levou muitos professores a recorrerem pouco à actividade de leitura individual na sala de aula por parecer “conservador” ou “pouco activo”, etc.
Mas mais do que as razões, e todas contribuirão para a situação que temos, é importante, diria imprescindível, que nos convencêssemos todos, professores, pais e outros actores, que só se aprende a ler, lendo, só se aprende a escrever, escrevendo, só se aprende a andar, andando, só se aprende a falar, falando, etc., etc.
Ofereçam livros aos miúdos, contem-lhes histórias, leiam com eles e, talvez, tenhamos menos miúdos e graúdos a lutar contra a leitura.
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