quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O PESO DAS MOCHILAS DOS MIÚDOS

No DN de hoje faz-se referência a um estudo realizado pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, coordenado pelo Professor Mário Cordeiro e envolvendo umas centenas de alunos entre os seis e os 13 anos de uma escola de Lisboa, sobre o peso das suas mochilas. Em síntese, sete em cada dez miúdos transportavam mochilas com excesso de peso, acima de 10% do peso corporal da criança é considerado peso excessivo.
Como é óbvio esta constatação, pelas suas implicações e riscos, imediatos e a prazo, para a saúde dos miúdos, deveria exigir a atenção de pais e educadores no sentido de a minimizar, embora o seu transporte configure um exercício físico que disfarça a ausência de espaços e equipamentos adequados em muitas das nossas escolas e combata uma infância sedentarizada, a troco, é certo, de uma coluna castigada.
Aproveitando a preocupação com o peso da mochila e, já agora, com a organização dos seus conteúdos, tarefa a que muitos pais se dedicam ajudando, sobretudo os miúdos mais pequenos, gostava de chamar a atenção para um conteúdo que muitas vezes anda na mochila, que pode pesar muito e que, se não estivermos atentos, poderá passar despercebido.
Estou a referir-me aos medos que os muitos gaiatos transportam.
O medo de não ser capaz de aprender, o medo de não corresponder às expectativas, por vezes demasiado altas, dos pais, o medo das comparações com os outros, o medo das brincadeiras que adultos ansiosos lhes incutem, o medo induzido por discursos ligeiros sobre os riscos e perigos que espreitam por todo lado. O medo de futuro que não controlam e não antecipam. Entre outros.
Parece-me, por isso, que os adultos andarão bem se estiverem atentos ao que os miúdos carregam nas suas mochilas, para além e isso é importante, do peso dos inúmeros materiais. Muitas crianças e adolescentes sentem uma enorme dificuldade em lidar com os medos, sobretudo quando se sentem sós. Por vezes, acabam por se juntar a outros tão assustados quanto eles.
Quase nunca dá bom resultado.

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