O Ministro da Saúde afirmou ontem no Parlamento que nos hospitais portugueses existem 1000 especialistas a mais, ao mesmo tempo que confirmou já reconhecida falta de médicos de família.
Esta afirmação do Ministro sobre o excesso de especialistas que contraria, aliás, dados há semanas divulgados por estruturas da saúde causa alguma perplexidade.
Gostava de relembrar que o relatório do Observatório dos Sistemas de Saúde sobre 2010 vem evidenciar algo que muitos de nós já experimentámos, os excessivos tempos de espera por consultas de especialidade.
Em muitos estabelecimentos hospitalares estes tempos ultrapassam largamente o que está definido pela Carta de Direitos de Acesso aos Serviços de Saúde. Por exemplo, está determinado que uma consulta de prioridade normal não pode exceder os cinco meses de espera e uma “muito prioritária” deverá realizar-se num tempo não superior a trinta dias.
Mesmo nos casos de urgência, portanto, considerados prioritários, com trinta dias de espera máxima, existem especialidades em que o tempo de espera ultrapassa o dobro, existindo centros hospitalares e especialidades em que é superior a três anos, isso mesmo, três anos e cerca de 600 dias para doentes muito prioritários.
Esta situação verifica-se também no que respeita a actos cirúrgicos em várias especialidades.
Fica pois estranha a afirmação do Ministro da Saúde. Muito provavelmente o Dr. Paulo Macedo já estará afectado pela doença que atinge frequentemente os titulares de cargos políticos, um problema complexo entre a oftalmologia e a cognição, ou seja, olham para a realidade que todos também vemos, mas percebem uma coisa diferente de todas os outros.
Haverá especialista para tal problema?
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