Já está, a ansiedade deu lugar à euforia, o fado já não é (só) nosso, o fado é da humanidade. As vozes levantam-se e a comunidade de amantes do fado, de que faço parte, rejubila com o reconhecimento. É natural, quando reconhecem e apreciam o que nós gostamos, ficamos contentes.
Não sei se o facto de ser património da humanidade, ainda que imaterial, é algo que nos faça descansar. Se bem repararmos a humanidade não tem sido propriamente cuidadosa com o seu património, material ou imaterial. Aliás, se atentarmos na forma como a humanidade lida com o seu maior bem, as pessoas, então é alarmante, milhões de excluídos e a morrer de pobreza. Mas enfim, hoje é dia de ficar contente, é dia, como dizem muitos comentadores, de ficar com a auto-estima nacional mais composta, o mundo reconhece o nosso fado como parte de si e sempre é uma alegria e algo de positivo no tempo que atravessamos.
Mas é este o nosso fado, o fado português.
Deixem-me recordar as palavras de José Régio que a música de Alain Oulman e sobretudo a voz genial de Amália divulgou exactamente com o título de Fado Português.
O Fado nasceu um dia,
...
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.
É, assim, o povo português com alma de marinheiro, está triste e canta. Canta o fado português. E vamos cantar até que a voz nos doa.
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