sábado, 5 de novembro de 2011

UMA MÁ FAMÍLIA, UMA BOA SEPARAÇÃO, UMA SEPARAÇÃO CONFLITUOSA. E os miúdos?

No Público de hoje, a propósito da Conferência sobre o Superior Interesse da Criança (em nome do qual se faz tudo e nada), aborda-se a questão do impacto que pode assumir nas crianças a separação conflituosa dos pais, dando especial relevo ao entendimento do Professor Emílio Salgueiro, um homem sério e genuinamente interessado no supremo interesse da criança. É de leitura recomendada.
A família, enquanto instituição, tem passado nos últimos anos por alterações em diferentes aspectos designadamente nos modelos de organização e prevalência desses modelos. Uma das alterações mais significativas é o aumento das situações de divórcio que, nem sempre, ocorrem de forma serena e tranquila.
De facto, com alguma frequência podem emergir nos adultos, ou num deles, situações de sofrimento, dor e/ou raiva, que “exigem” reparação e ajuda. Muitos pais lidam sós com estes sentimentos pelo que os filhos surgem frequentemente como “tudo o que ficou” e o que “não posso e tenho medo de também perder”. Poderemos assistir então a comportamentos de diabolização da figura do outro progenitor, manipulação das crianças tentando comprá-las (o seu afecto), ou, mais pesado, a utilização dos filhos como forma de agredir o outro.
Nestes cenários mais graves podem emergir quadros do chamado Síndrome de Alienação Parental que, apesar de alguma prudência requerida na sua análise, são susceptíveis de causar graves transtornos nas crianças, daí, naturalmente, a necessidade de suporte e ajuda. É obviamente imprescindível proteger o bem-estar das crianças mas não devemos esquecer que, em muitos casos, existem também adultos em enorme sofrimento e que a sua condenação, sem mais, não será seguramente a melhor forma de os ajudar. Ajudando-os, os miúdos serão ajudados. Quero por fim sublinhar que, por princípio, prefiro uma boa separação a uma má família.
Uma nota final que me parece positiva. À solicitação de desenhar a sua família, esta criança de seis anos desenha as suas duas famílias. Se repararmos bem, as duas famílias têm um Solzinho que as ilumina e aconchega. É o (quase) tudo que as crianças precisam.

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