Quando Lavoisier postulou que nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma, não imaginou que as sociedades modernas teriam um outro entendimento, tudo se compra, mal se usa e deita-se no lixo.
Face às consequências devastadoras daqui decorrentes, a necessidade e o mercado, sempre o mercado, recuperaram o princípio da transformação aplicada ao lixo e inventaram a reciclagem. Ainda bem, dizemos todos.
A questão é que passámos séculos a instalar a ideia de que quando algo chega a lixo, acaba aí. Não é fácil mudar, sobretudo, quando produzimos mais lixo que nunca.
Serve esta introdução para referir que apesar de em seis anos se terem duplicado os resíduos colocados para reutilização, ainda reciclamos apenas 13% do lixo, abaixo dos 17% de média europeia.
Ainda de acordo com a DECO, citada no Público, existe falta de informação sobre a separação dos lixos domésticos. Parece, pois, necessário insistir junto dos consumidores no esforço de reciclagem.
No entanto, julgo ser também necessário racionalizar a utilização dos materiais procurando produzir menos lixo. Um exemplo desta "sobreprodução" de lixo é a área das embalagens com excessos que me parecem ter um peso importante no desperdício. É frequente, por exemplo, envolver um pequeno frasco de um qualquer produto em papel, cartão, plástico, etc. que lhe multiplicam a dimensão e constituem uma enorme fonte de desperdício, de lixo.
Se repararmos nas embalagens da maior parte dos bens que adquirimos, parece relativamente claro que em termos económicos, custo de produção e custos no consumidor e em termos ambientais a factura é pesadíssima e, isso é que é curioso, boa parte dispensável e inútil.
É que só reciclamos 13% do lixo e se nem tudo se transforma, muito se perde.
4 comentários:
A culpa é do Gillette ;) (quem não entender o trocadilho diga que eu explico)
Não percebo mesmo, caro Luís
:) É muitas vezes apontado que Gillete, com a invenção das lâminas descartáveis, criou, ou inaugurou, com isso também, o conceito de utilizar e deitar fora que está na base da sociedade consumista dos dias de hoje.
Tem razão, já não me lembrava e conhecia a "tese". Obrigado
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