sábado, 26 de novembro de 2011

NÃO PERCEBEM NADA DE FINANÇAS

O Presidente da República em intervenções de ontem e no jeito cauteloso que se lhe conhece sugeriu que Angela Merkel e Passos Coelho, bem como outros líderes que se opõem à intervenção mais consistente do Banco Central Europeu na crise financeira da Europa, não percebem nada de finanças. Lembrei-me, naturalmente, de Fernando Pessoa, também Jesus Cristo não sabia nada de finanças.
Ontem, num pequeno comentário às muitas e significativas discordâncias patentes nos discursos de economistas e de outros especialistas sobre a crise e as perspectivas para a ultrapassar, retomei um enunciado clássico afirmando que esta coisa da economia e finanças, ou seja, da vida das pessoas, é demasiado complexa para ficar, exclusivamente, na mão destes especialistas.
Na verdade, a crise resultou, parece, de modelos errados e desregulados de desenvolvimento, do endeusamento do mercado, da ganância especulativa dos mercados financeiros com a complacência negligente, cúmplice ou incompetente das diversas entidades de supervisão, nacionais ou internacionais. Este universo é a quinta onde convivem os economistas e financeiros.
Quando a este contexto se juntam políticos sem visão e estofo que determinem caminhos e políticas sustentadas e claras resulta uma deriva sem rumo em que a maior vítima são as condições de vida das pessoas, o empobrecimento e a exclusão.
Nesta perspectiva, a afirmação de Cavaco Silva é irrelevante. A questão central não é a ignorância dos líderes em matéria de finanças é a incompetência e a falta de solidez e qualidade política dessas lideranças que os faz andar a reboque de interesses outros que não o bem comum.

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