O Público divulga um estudo da Delloite que sustenta que os portugueses parecem conformados com a austeridade e com as dificuldades que atravessam confiando, boa parte dos inquiridos, no impacto positivo das medidas.
Este estudo é muito oportuno, lembro o Presidente da República, sempre atento e interventivo, já tinha alertado para o perigo decorrente do excesso de sacrifícios exigidos ao “cidadão comum”.
Também no que toca às reacções dos portugueses às dificuldades, apesar do conformismo hoje anunciado, relembro que há algumas semanas, uma entidade basicamente desconhecida para a esmagadora maioria de nós, a Aon Risk Solutions, nos colocava no lote dos países com algum risco de violência pública em consequência da crise e da austeridade. Esta entidade terá a mesma isenção que as famosas agências de rating pois é parte interessada na avaliação, ou seja, quanto maior for o risco, maiores serão os encargos com seguros e, portanto, a favor dos interesses das seguradoras que financiam a Aon Risk Solutions. Ao que parece, a avaliação de risco assentou nos exemplos de outros países, designadamente da Grécia.
Se conhecessem o nosso país, as nossas particularidades, veriam como o risco de violência pública é baixo como, aliás, veio afirmar o responsável pelo Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo.
De facto, somos reconhecidamente um país de brandos costumes, somos um povo discreto. Não abusamos da violência e quando o fazemos é no recato do lar ou, quando muito, no quintal.
A nossa violência, é uma violência de proximidade, violência doméstica em números muito elevados, umas tareias nos miúdos a ver se eles aprendem, uma sacholada ou tiro num vizinho por causa de uma partilha ou de uma pinga de água, pouco mais do que isso. Por vezes, lá trocamos uns sopapos ou coisa pior por causa de um desaguisado de trânsito, mas nada que possa configurar violência pública ou convulsão social graves.
Somos mesmo um povo tranquilo e de brandos costumes, algo que os estrangeiros, quase sempre, referem como característica dos portugueses.
Ainda assim e apesar do conformismo hoje divulgado, a questão é que, como dizia Camões, todo o mundo é composto de mudança, tomando sempre novas qualidades. Um dia cansamo-nos de ser bons rapazes.
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