Os tempos lembram-me as palavras de Alexandre O'Neill, Perfilados de medo, na voz e na música de José Mário Branco. Acho que não é bom.
Perfilados de medo, agradecemos
o medo que nos salva da loucura.
Decisão e coragem valem menos
e a vida sem viver é mais segura.
Aventureiros já sem aventura,
perfilados de medo combatemos
irónicos fantasmas à procura
do que não fomos, do que não seremos.
Perfilados de medo, sem mais voz,
o coração nos dentes oprimido,
os loucos, os fantasmas somos nós.
Rebanho pelo medo perseguido,
já vivemos tão juntos e tão sós
que da vida perdemos o sentido...
1 comentário:
Se a corrente literária de Alexandre O'Neill é o surrealismo que se caracteriza por pensamentos expontanêos, desprezando a lógica e renegando os padrões estabelecidos de ordem social e moral, também posso aqui invocar o poeta do povo que tão esquecido é.
Sem ter chicote nem vara
Manda-me a minha razão
Atirar versos à cara
Dos que roubam o pão
Meus versos são dos piores
Não sou poeta distinto
Mas talvez fossem melhores
Se os lessem como eu os sinto
Correu vales e montes a mentira
Montada no corcel da fantasia...
Mas ela vai cair, pressente um dia
Em que há-de sucumbir,bufando em ira
Que lhe peça a mortalha a nossa lira
Que seja a sua morte a poesia
Os que vivem na grandeza
Dizem, vendo alguém subir
-Há que manter a pobreza,
Para a grandeza não cair
Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém;
Mas quem não trabalha e come,
Come sempre o pão de alguém.
É triste que a gente veja
Tanta gente que não come;
O pão que a muitos sobeja
Matava bem essa fome.
Meus versos sem poesia
Que lhe dou, sem mos pedir,
Guarde-os, que, talvez um dia
Se orgulhe de os possuir
E como se depreender desta última quadra é também modesto o poeta ANTÓNIO ALEIXO.
FUI DEMASIADO FASTIDIOSO?!
PEÇO PERDÃO...
saudações
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