Segundo dados da Segurança Social citados pelo Público entre Novembro de 2014 e Novembro de 2015 voltou a descer o número de crianças
a receber abono de família, uma constante dos últimos anos que não é
explicada pelo abaixamento da natalidade. Também no que respeita aos mais novos,
no mês passado a Segurança Social registava 66 665 menores abrangidos pelo
Rendimento Social de Inserção, face a 131.507 cinco anos antes, menos 49%, a quase
70 mil em Novembro de 2014, menos quase 5%.
Dado que não se tem verificado
qualquer subida significativa nos rendimentos familiares, antes pelo contrário,
o abaixamento tão evidente do número global de pessoas a beneficiar de apoios
sociais não decorre da melhoria das condições de vida das famílias mas,
obviamente, dos cortes no universo dos apoios sociais. Acresce que mais de
metade dos desempregados registados não acede a subsídio de desemprego, sendo de
considerar os muitos milhares tão fora da vida que nem nas estatísticas cabem.
As dificuldades das famílias e o
que dessas dificuldades penaliza e ameaça os mais pequenos, é demasiado
importante para que não insistamos nestas questões. Todos os estudos e
indicadores identificam os mais novos como o grupo mais vulnerável ao risco de
pobreza que, aliás, tem vindo a aumentar. Segundo a Cáritas Europa Portugal foi
o país em que o risco de pobreza mais subiu em 2014 sendo que cerca de 25% de
crianças estão nesta situação.
Esta realidade não pode deixar de
colocar um fortíssimo risco no que respeita ao desenvolvimento e ao sucesso
educativo destes miúdos e adolescentes e portanto, à construção de projectos de
vida bem-sucedidos com riscos óbvios de situações limite como a carência
alimentar ou mendicidade.
Este cenário impressionante coloca
uma terrível e angustiante questão. Os milhares, muitos, de pessoas envolvidas
vão (sobre)viver de quê?
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