Vamos então mudar de ano.
Estamos no tempo em que todas as
falas e todos os escritos acabam num incontornável Bom Ano Novo. Muito de nós
fazem mesmo questão de se preparar a sério para receberem o Ano Novo, de acordo
com as posses de cada um, evidentemente. Aliás, o Ano que virá também virá de acordo
com as posses de cada um. É sempre assim. E se não fosse?
E se por uma vez, só por uma vez,
o Ano Novo fosse mesmo Novo. Por exemplo.
Ser Novo no respeito efectivo
pela dignidade, pelos direitos básicos das pessoas e no combate às
desigualdades e à exclusão e pobreza.
Ser Novo na gestão da coisa
pública com transparência, justiça e ao serviço das pessoas.
Ser Novo na definição de
políticas dirigidas às pessoas e não ao sabor dos endeusados mercados e da
agenda da partidocracia.
Ser Novo no recentrar das grandes
questões da educação na qualidade dos processos educativos, na tranquilidade e
no sucesso do trabalho de alunos e professores.
Ser Novo na construção de uma
escola onde coubessem todos os alunos sem que o cumprimento de direitos e a
qualidade da resposta pública a todos os que estão na idade de a frequentar
pudesse, sequer, ser motivo de discussão.
Ser Novo no combate ao
desperdício e à iniquidade de mordomias insustentáveis.
Ser Novo nos discursos e padrões
éticos das lideranças políticas, económicas e sociais.
Ser mesmo Novo, estão a ver?
De repente, ao escrever estas
notas, lembrei-me do Zé, um jovem com uma deficiência motora significativa com
quem me cruzei há anos, que quando falava de alguns dos seus desejos de futuro
terminava sempre da mesma maneira, “sonhar? sonhar não custa nada, viver é que
custa”.
Que o Ano Novo vos (nos) seja
leve.
Tão leve quanto possível.
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