quarta-feira, 19 de março de 2014

PAI

Pai,

Trouxe esta prenda para ti lá da escola. É para o Dia do Pai. Demorou três dias a fazer.
Desculpa lá, mas é outra vez a mesma coisa do outro ano. Desta vez eu acho que está mais bem feita. A professora nova diz que nós somos descuidados, pediu à D. Maria, a empregada, para ir com a gente para o recreio e acabou ela as nossas prendas para o Dia do Pai.
Não sei porquê mas temos sempre que fazer assim, eu acho que os pais gostavam à mesma se fossem feitas só por nós.
Sabes uma coisa? Um dia a professora perguntou se os nossos pais brincavam com a gente. Eu disse que nós os dois não brincamos muito mas estamos sempre a falar. Ela riu-se e disse que isso também é brincar. Eu já sabia.
O que ela não sabe é que a gente fala muito, mesmo que tu estejas nesse lugar muito alto, para onde a mãe diz que foste quando morreste. Mas isso é um segredo.
Agora vou brincar e tu ficas a ver. Olha Pai, depois conto-te uma história muito engraçada que aconteceu à minha amiga Joana.  

José 

Ao Meu Pai que partiu demasiado cedo mas não sem antes me ter mostrado o que nunca viu e o caminho para lugares onde nunca esteve.

2 comentários:

vera disse...

Que bonita homenagem.

não sei quem sou... disse...

Texto muito bonito, comovente e que desperta sensações fortes de afecto e saudade, que por vezes em vida dos nossos pais descuramos na manifestação.

Senhor Professor José Morgado, muito obrigado por este texto.


VIVA!