Como creio que a generalidade das pessoas, tenho um certo fascínio pelos comboios e as viagens. Acho mesmo que este encantamento é uma das tarefas da infância e perdura pela vida, provocando sempre alguma nostalgia, independentemente da maior ou menor utilização.
Em muitas regiões do nosso país, sobretudo no interior, temos vindo assistir a um continuado fechamento de linhas. Nas últimas semanas tem estado na agenda o encerramento da linha da Lousã.
Este Domingo fomos despedirmo-nos de mais uma, o ramal de Cáceres, a linha ente Torre das Vargens e Marvão - Beirã que se desenrola na paisagem do Alto Alentejo e que a CP decidiu encerrar a partir de 1 de Fevereiro.
Não sei discutir a questão das condições de exploração, razão justificativa da decisão, admito que tenham de ser ponderadas. Sei, no entanto, que pela Europa se assiste a uma retoma do transporte ferroviário que em Portugal quer dizer TGV, apenas TGV.
Além disso, sei que a liquidação progressiva destas linhas representa também um empobrecimento ao nível do património, da memória e da cultura das comunidades.
O funcionário da CP que acompanhava a viagem de hoje, lá ia dizendo que muitas vezes a suspensão do ramal tinha sido anunciada e nunca, até aqui, fora cumprida. Podia ser, queria acreditar, que também desta vez assim fosse.
Eu também gostava de acreditar. Mas não se pode contrariar o progresso, a modernização e, sobretudo, o mercado.
Não se vive de nostalgias ingénuas, como essa coisa de miúdos, comboios pequenos a ligar terras pequenas.
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